EUA cancelam discussões com Talibã após fechamento de escolas para meninas no Afeganistão
Os Estados Unidos anunciaram nesta sexta-feira (25) a suspensão das discussões previstas com o Talibã em Doha, no Catar, depois que os líderes islâmicos radicais do Afeganistão decidiram proibir o acesso ao ensino médio para as jovens afegãs.
"Nos unimos a milhões de famílias afegãs para expressar nossa profunda decepção com a decisão dos talibãs de não permitir que mulheres e meninas retornem às escolas do ensino médio", disse o porta-voz do Departamento de Estado americano.
"Cancelamos alguns dos nossos compromissos, incluindo reuniões planejadas durante o Fórum de Doha e deixamos claro que vemos essa decisão como um possível ponto de virada em nosso compromisso", acrescentou.
O Talibã, que desde a tomada de poder no Afeganistão busca um reconhecimento internacional, ordenou o fechamento das escolas para meninas nesta quarta-feira (23), poucas horas depois de reabri-las, ao fim de um longo período sem aulas. Quando os talibãs assumiram o poder, em agosto de 2021, as escolas estavam fechadas por conta da pandemia. Apenas os meninos e meninas do ensino básico foram autorizados a retornar às aulas, dois meses depois.
"Desenvolver o potencial da sociedade"
"Esta decisão, se não for revertida rapidamente, prejudicará profundamente o povo afegão, as perspectivas de crescimento econômico do país e a ambição dos talibãs de melhorarem as suas relações com a comunidade internacional", completou o porta-voz. "Apoiamos as meninas afegãs e suas famílias, que veem a educação como um caminho para desenvolver todo o potencial da sociedade e da economia do Afeganistão", continuou.
A comunidade internacional considera o acesso das meninas às escolas um ponto fundamental nas negociações para o reconhecimento do regime talibã, que em seu mandato anterior (1996-2001) proibiu a educação e o acesso ao mercado de trabalho para as mulheres.
Em uma declaração conjunta, na quinta-feira (24), os ministros das Relações Exteriores do Reino Unido, Canadá, França, Itália, Noruega e Estados Unidos, além do alto representante da União Europeia, disseram que a decisão afetará as aspirações de reconhecimento do Talibã.
A decisão de manter as escolas fechadas para as meninas foi tomada depois de uma reunião de altos funcionários do Talibã, ocorrida na cidade de Kandahar, ao sul do país, que é o centro de poder do movimento. Os talibãs alegaram que precisavam de tempo para garantir que as jovens com idades entre 12 e 19 anos permaneçam bem separadas dos garotos e que os estabelecimentos de ensino sejam administrados de acordo com os princípios islâmicos.
"Não abrimos as escolas para agradar a comunidade internacional ou para obter o reconhecimento do mundo", declarou Ahmad Rayan, porta-voz do Ministério da Educação.
*Com informações da agência AFP
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