Dia da Sobrecarga: mundo já esgotou recursos naturais para 2022
O Dia da Sobrecarga é a data em que "a humanidade consumiu tudo o que os ecossistemas podem produzir ou renovar em um ano", de acordo com as ONGs Global Footprint Network e World Wide Fund for Nature, a WWF.
A contagem, que acontece desde a década de 1970, mostra que, a partir de hoje, o mundo está vivendo a crédito até o final do ano, no que diz respeito aos recursos naturais, lembra o jornal Le Monde. O "Dia da Sobrecarga" este ano chega um dia antes do que no ano passado, confirmando que a trégua no consumo causada pela pandemia de covid-19 foi um episódio de curta duração —em 2020, como resultado das restrições sanitárias e dos confinamentos das populações, o Dia da Sobrecarga aconteceu em 22 de agosto, ou seja, três semanas mais tarde do que em 2019.
De acordo com este indicador global, seriam necessários 1,75, ou seja, quase dois planetas Terra para sustentar o consumo da população mundial de forma sustentável, lembra o jornal Le Parisien.
Nos 156 dias restantes [até o final do ano], nosso consumo de recursos renováveis estará corroendo o capital natural do planeta. Nosso mega consumo não leva nem mesmo em conta as necessidades de outras espécies na Terra. Também precisamos deixar espaço para o mundo selvagem.
Laetitia Mailhes da Global Footprint Network ao Le Parisien
"A curto prazo, a ameaça não é tanto de esgotar completamente os recursos", lembra o diário econômico Les Echos, mas de dificultar o acesso a eles e de perturbar os ecossistemas". Este é o caso da água, por exemplo. De acordo com a WWF, apenas 1% da água da Terra é diretamente acessível ao homem, o suficiente, por enquanto, para atender às necessidades humanas e ambientais.
O limite alcançado cada vez mais cedo
De acordo com a ONG Global Footprint Network, que monitora esta medida, o Dia da Sobrecarga vem chegando cada vez mais cedo nos últimos 50 anos, mostrando uma aceleração do consumo mundial: 29 de dezembro em 1970, 4 de novembro em 1980, 11 de outubro em 1990, 23 de setembro em 2000, 7 de agosto em 2010, e 28 de julho neste ano de 2022, sublinha o Le Monde.
A associação WWF, que iniciou a campanha de comunicação em torno do Dia da Sobrecarga, assinala que "os únicos períodos de calmaria no consumo global não foram escolhidos nem previstos e correspondem às crises energética (como 1973 e 1979), financeira (em 2008) e de saúde (com a pandemia, em 2020)".
Para Laetitia Mailhes, porta-voz da Global Footprint Network, este ano mais uma vez confirma a "maior competição pelo acesso aos recursos dos quais dependemos", o que levanta a questão de saber se a humanidade será capaz de "fazer o que for preciso para viver dentro do orçamento ecológico de nosso planeta". "Há uma finitude que devemos reconhecer", "os recursos não são infinitos", declarou ao Le Parisien.
Como de costume, estes cálculos mostram que nem todos os países contribuem nas mesmas proporções para a dívida ecológica global. Se toda a humanidade vivesse como os franceses, por exemplo, o Dia da Sobrecarga teria sido alcançado em 5 de maio. Se seguíssemos o estilo de vida dos norte-americanos, o prazo teria sido antecipado em dois meses, para 13 de março, e teria sido alcançado em 2 de junho para o estilo de vida da população chinesa.
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