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Donald Trump insinua que FBI teria 'plantado' provas durante busca em sua casa

Donald Trump ao deixar a Trump Tower a caminho do depoimento - DAVID DEE DELGADO/REUTERS
Donald Trump ao deixar a Trump Tower a caminho do depoimento Imagem: DAVID DEE DELGADO/REUTERS

11/08/2022 14h23

O ex-presidente americano Donald Trump postou uma mensagem em sua rede social "Truth" nesta quarta-feira (10) sugerindo que policiais federais dos Estados Unidos possam ter "colocado" provas contra ele em sua residência em Mar-a-Lago, na Flórida, depois que a casa passou por uma revista policial na última segunda-feira (8).

O ex-presidente americano Donald Trump postou uma mensagem em sua rede social "Truth" nesta quarta-feira (10) sugerindo que policiais federais dos Estados Unidos possam ter "colocado" provas contra ele em sua residência em Mar-a-Lago, na Flórida, depois que a casa passou por uma revista policial na última segunda-feira (8).

Não há evidências que apoiem suas insinuações, mas Donald Trump se baseia no fato de que ninguém, nem mesmo seus advogados, estaria autorizado a estar presente durante a busca policial. A ausência de testemunhas durante uma intervenção do FBI é, no entanto, a norma, rebatem especialistas americanos.

A teoria de que o FBI possa ter escondido provas contra Donald Trump durante a busca na casa do ex-presidente partiu de uma conta anônima de direita no Twitter. A publicação começou a circular nas redes sociais na própria noite de segunda-feira e logo ganhou dimensão depois de uma declaração da advogada de Trump, Alina Habba, no canal de televisão Fox News: "Estou preocupada com que eles possam ter escondido algo. Quem sabe? Eu não confio no governo, e, para um americano, isso é assustador! São coisas do terceiro mundo, de Cuba! Nosso país não é assim".

Nesta quarta-feira, a Fox News, que por algum tempo parecia ter dado as costas a Donald Trump, continuou a transmitir entrevistas sobre o assunto com a participação de republicanos, como o senador Rand Paul: "Como posso ter certeza de que eles não colocaram nada nas caixas que trouxem de Mar-a-Lago? Perderam nossa confiança".

O republicano Greg Steube, membro do Comitê Judiciário da Câmara dos Deputados, chega a denunciar o "Estado policial de Joe Biden que está em guerra contra os conservadores". Já um ex-procurador federal, Ron Filipkowski, rebate no Twitter: "Nada poderia confirmar melhor a culpa de Trump do que sua insinuação de que o FBI plantou evidências falsas. Ele foi pego e sabe disso".

Guerra de narrativas

O procurador-geral dos Estados Unidos, Merrick Garland, no entanto, ainda não respondeu a essas acusações. Vale lembrar que, desde o escândalo do Watergate, o Ministério da Justiça nunca fala em investigações em andamento, ressalta Jean Eric Branaa, especialista em política americana da Universidade Paris II.

Em sua opinião, a suspeita só existe, na verdade, sobre a conduta de Donald Trump. "Um mandado sempre contém tanto o motivo da busca quanto o que é procurado. Se Donald Trump liberasse seu mandado de busca, todos saberiam por que ele está sendo processado e o que foi procurado", explica.

O ex-presidente prefere, por sua vez, preencher o silêncio deixado pelo procurador-geral. Um silêncio criticado até mesmo dentro do ministério, o que torna a posição de Merrick Garland quase insustentável.

"Ou ele fala agora e explica de que está culpando Donald Trump, ou o acusa imediatamente e o caso está resolvido. Mas se ele o fizer antes da eleição, isso então se tornaria um ato político que pode mudar o curso da eleição [de meio de mandato] de uma forma ou de outra, mas de qualquer maneira vai atrapalhar o resultado da votação, e isso é um problema real. Se ele não falar, será Trump quem irá avançar com sua própria história, sua própria narrativa", acrescenta Jean Eric Branaa.

O fato é que os temores de ver os republicanos assumirem o Senado com as eleições de meio de mandato, em novembro, tornam esse "ato de equilíbrio" ainda mais perigoso para Merrick Garland, que insistia ainda há alguns meses: "Nós devemos nos expressar por meio do nosso trabalho".