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Ingleses temem que confusão de bolsonaristas em Londres se repita no da eleição

Protesto contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) durante visita em Londres para o funeral da rainha Elizabeth 2ª - Reprodução/Twitter
Protesto contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) durante visita em Londres para o funeral da rainha Elizabeth 2ª Imagem: Reprodução/Twitter

Vívian Oswald, correspondente da RFI em Londres

25/09/2022 06h42Atualizada em 25/09/2022 07h47

A pequena manifestação de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro em frente à residência do embaixador do Brasil por ocasião de sua visita a Londres, onde o candidato participou do funeral da rainha Elizabeth 2ª, pode ter sido uma amostra do que está por vir durante a votação na capital britânica no próximo dia 2 de outubro. A confusão criada por um grupo estimado em 150 pessoas, com intimidação a jornalistas e manifestantes que protestavam contra o atual governo, exigiu a intervenção da polícia local.

No Reino Unido, onde está a segunda maior comunidade expatriada na Europa, o número de eleitores inscritos para participar do pleito presidencial é recorde. Serão cerca de 35 mil brasileiros que vivem na Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte registrados para votar.

Eles estão distribuídos em 44 seções eleitorais. O voto acontecerá exclusivamente em Londres, em uma escola em Hammersmith. Quem mora fora da capital, ou até mesmo fora da Inglaterra, precisará se deslocar até o ponto de votação.

Para garantir a segurança no local, o consulado terá reforço da própria equipe da escola, mas a Metropolitan Police também foi avisada e deve enviar homens para assegurar que tudo transcorra bem da porta para fora. Até o sistema de transportes da cidade foi alertado.

Na eleição passada, eram quase 26 mil inscritos, o que já representava um aumento significativo em relação ao pleito anterior (2014), quando 14 mil estavam aptos a participar. Qualquer eleitor que estiver com situação eleitoral regular e registrado para votar no Reino Unido poderá fazê-lo.

Viajar para votar

A professora de yoga Gloria Neves, que vive há 11 anos em Newcastle, no nordeste do país, vai viajar mais de cinco horas de carro para percorrer os 464 quilômetros necessários para exercer seu direito de eleitora.

"Faço questão sempre. A cada quatro anos, faço exercer esse meu direito civil de expressar o que a gente pensa e gostaria para o nosso país", afirma.

Glória lamenta a polarização que domina a cena política no país, e diz que ainda não sabe em quem vai votar no primeiro turno.

"Acho difícil. Não tenho muito clara a minha intenção de voto. O que eu espero disso tudo é que a gente não deixe morrer esse exercício democrático, porque são poucos países que têm a obrigatoriedade. Mas, se a gente tem, que mantenha isso aceso de forma consciente, que falta cada vez mais", observa.

Em 2018, Bolsonaro 'venceu' em Londres

Na última eleição, Bolsonaro venceu nas urnas em Londres. Já no primeiro turno, obteve 51,29% dos votos, com 4.797 dos 9.353 votos válidos. Naquele momento, apesar do número bem maior de inscritos, 9.715 pessoas foram votar de fato.

No segundo turno, o atual presidente ficou com 61,38% dos votos válidos, e também cresceu o número de brancos e nulos.

O segundo turno foi marcado por confusão. A votação ocorreu no prédio da embaixada do Brasil em Londres, no centro da cidade. Trocas de insultos e xingamentos entre apoiadores de Bolsonaro, que à época era filiado ao PSL, e de Fernando Haddad, o então candidato do Partido dos Trabalhadores, levaram a polícia a intervir.