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Explosão atinge única ponte que liga Rússia e Crimeia; 3 pessoas morrem

08.out.22 - Fumaça preta sobe de um incêndio na ponte de Kerch que liga a Crimeia à Rússia, depois que um caminhão explodiu, perto de Kerch - -/AFP
08.out.22 - Fumaça preta sobe de um incêndio na ponte de Kerch que liga a Crimeia à Rússia, depois que um caminhão explodiu, perto de Kerch Imagem: -/AFP

08/10/2022 07h43Atualizada em 08/10/2022 10h25

Uma série de explosões na ponte Kerch, única a ligar a península da Crimeia a Rússia por carro e por trem, destruiu parte da estrutura e matou ao menos três pessoas neste sábado (8), informam autoridades russas.

Segundo o Kremlin, o ataque foi causado por um caminhão-bomba que, ao explodir, atingiu sete tanques de um trem de carga que transportava combustíveis.

Moscou prometeu encontrar os autores do ataque, sem culpar imediatamente a Ucrânia.

Imagens dramáticas de mídia social mostraram a ponte em chamas com partes mergulhando no mar.

"Hoje às 6h07 (hora local) no lado do tráfego rodoviário da ponte da Crimeia um carro-bomba explodiu, incendiando sete tanques de combustível que estavam sendo transportados de trem para a Crimeia", disse o comitê russo antiterrorismo citado por agências russas.

A ponte, inaugurada pessoalmente pelo presidente Vladimir Putin em 2018, é um elo vital para transportar equipamentos militares para soldados russos que lutam na Ucrânia. Moscou manteve a travessia da ponte segura apesar dos combates.

O porta-voz do Kremlin disse que Putin ordenou a criação de uma comissão para investigar a explosão, informaram agências de notícias russas. O poderoso comitê investigativo da Rússia abriu uma investigação criminal sobre a explosão e enviou detetives ao local.

08.out.22 - Helicóptero joga água para extinguir tanques de combustível em chamas na ponte de Kerch, no Estreito de Kerch, Crimeia - STRINGER/REUTERS - STRINGER/REUTERS
08.out.22 - Helicóptero joga água para extinguir tanques de combustível em chamas na ponte de Kerch, no Estreito de Kerch, Crimeia
Imagem: STRINGER/REUTERS

Enquanto as autoridades em Moscou não chegaram a culpar Kiev, uma autoridade da Crimeia, instalada na Rússia, apontou o dedo para "vândalos ucranianos".

Mykhailo Podolyak, assessor do chefe do gabinete da presidência da Ucrânia, postou no Twitter uma foto de um grande pedaço da ponte semissubmerso no mar.

"Tudo que é ilegal deve ser destruído, tudo o que foi roubado deve ser devolvido para a Ucrânia e tudo que é ocupado pela Rússia deve ser expulso."

O começo

"Crimeia, a ponte, o começo", escreveu ele, referindo-se à anexação da península em 2014 e a invasão russa à Ucrânia inciada em 24 de fevereiro de 2022. "Tudo o que foi roubado deve ser devolvido à Ucrânia", acrescentou.

Houve várias explosões em instalações militares russas na península da Crimeia e, se for estabelecido que a Ucrânia estava por trás da última explosão, alarmes podem soar mesmo com a ponte tão longe da linha de frente.

As explosões ocorrem após os recentes ganhos territoriais da Ucrânia no leste e no sul que minaram a alegação do Kremlin de que anexou Donetsk, a vizinha Lugansk e as regiões sulistas de Zaporijia e Kherson.

As forças russas disseram na sexta-feira que capturaram terreno em Donetsk, no leste da Ucrânia, sua primeira reivindicação de novos ganhos desde que uma contra-ofensiva de Kiev abalou o esforço de guerra de Moscou.

O anúncio ocorreu quando o líder ortodoxo da Rússia disse que o governo do presidente Vladimir Putin foi ordenado por Deus, parabenizando-o por seu 70º aniversário, e quando o Comitê Nobel concedeu o Prêmio da Paz a defensores de direitos na Rússia, Ucrânia e Bielorrússia.

Ganhos russos

Forças separatistas na região de Donetsk, devastada pela guerra, disseram ter retomado uma série de vilarejos perto da cidade industrial de Bakhmut, controlada pela Ucrânia, que está sob bombardeio russo há semanas.

Jornalistas da AFP no centro de Bakhmut ouviram o som de artilharia pesada e vários sistemas de lançamento de foguetes perto dos restos de uma ponte quebrada sobre o rio Bakhmutka.

"No território da República Popular de Donetsk, um agrupamento de tropas das repúblicas de Donetsk e Lugansk, com apoio de fogo das forças russas, libertou Otradovka, Veselaya Dolina e Zaitsevo", disseram forças separatistas nas redes sociais.

A região de Donetsk, que há anos é parcialmente controlada por separatistas apoiados pelo Kremlin, é um lugar-chave para as forças russas, que invadiram a Ucrânia em fevereiro.

Mas as tropas ucranianas nas últimas semanas têm combatido os soldados russos nas linhas de frente no sul e no leste, inclusive em partes de Donetsk.

Ucrânia recupera território

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse na sexta-feira (7) que suas forças recapturaram quase 2.500 quilômetros quadrados na contra-ofensiva que começou no final do mês passado.

"Só esta semana, nossos soldados libertaram 776 quilômetros quadrados de território no leste de nosso país e 29 assentamentos, incluindo seis na região de Lugansk", disse ele.

Mas a Ucrânia continua a sofrer sérias perdas. Quatorze pessoas morreram na quinta-feira quando mísseis russos atingiram a cidade industrial de Zaporijia, anunciou o secretário do conselho local na sexta-feira.

Trinta pessoas morreram na semana passada quando um comboio de carros civis na região de Zaporijia foi bombardeado em um ataque que Kiev atribuiu a Moscou.

Zelensky pressionou para punir a Rússia em outras áreas, instando Bruxelas a aumentar a pressão sobre seu setor de energia - um dia depois que a UE impôs uma nova rodada de sanções a Moscou.

O Fundo Monetário Internacional também anunciou na sexta-feira que forneceria US$ 1,3 bilhão em ajuda de emergência à Ucrânia.

Nos mais de sete meses desde a ofensiva da Rússia, Putin fez ameaças veladas de usar armas nucleares.

O presidente dos EUA, Joe Biden, alertou na quinta-feira que o mundo está enfrentando o "Armagedom", já que Putin pode usar seu arsenal atômico.

Mas na sexta-feira a Casa Branca deu o alarme, dizendo que os comentários do presidente não refletem novas informações de inteligência.

*Com informações da AFP e ANSA