Conteúdo publicado há 11 meses

Menores envolvidos em decapitação de professor são julgados na França

Cinco ex-alunos da escola do ensino fundamental Bois d'Aulne, situada em Conflans-Sainte-Honorine, nos arredores de Paris, são julgados a partir desta segunda-feira (27) pelo tribunal de menores de Paris por envolvimento no assassinato do professor Samuel Paty por um jovem jihadista. Uma sexta aluna é acusada de "denunciação caluniosa".

O caso

Em 16 de outubro de 2020, o professor de História e Geografia de 47 anos foi esfaqueado e depois decapitado perto de sua escola secundária em Conflans-Sainte-Honorine (região parisiense) por Abdoullakh Anzorov, um refugiado russo de origem chechena. O islamista radicalizado de 18 anos foi morto pela polícia.

Em uma mensagem de áudio em russo, ele se congratulou por ter "vingado o Profeta".

Os acusados

Cinco adolescentes - com 14 e 15 anos de idade na época do assassinato de Samuel Paty - estão sendo julgados por conspiração criminosa tendo violência como agravante. Eles atualmente estão em liberdade, mas sob supervisão judicial. Dois deles, amigos do agressor, estão sendo processados por cumplicidade em um assassinato terrorista.

Uma sexta adolescente, com 13 anos de idade na época do incidente, está sendo julgada por denunciação caluniosa. Ela é filha do pregador muçulmano Brahim Chnina e é acusada de iniciar a espiral que levou à decapitação do professor Paty, segundo as autoridades francesas.

Aluna do ensino fundamental na época, a jovem acusou o professor de ter mostrado "caricaturas obscenas" durante uma aula em 5 de outubro de 2020, e pedir aos alunos muçulmanos que saíssem da sala de aula para não chocá-los.

Ela alegou que havia enfrentado o professor e que havia sido excluída por dois dias por causa disso. Ao ser informado do ocorrido, seu pai, Brahim Chnina, publicou várias mensagens nas redes sociais, convidando seus seguidores a escrever uma carta ao diretor da escola para pedir a saída do professor.

Em 8 de outubro, ele também publicou um vídeo que circulou nas redes sociais. No mesmo dia, apresentou uma queixa contra o professor, acompanhado de sua filha, por "divulgar imagens pornográficas". Brahim Chnina também se reuniu com o diretor da escola, acompanhado do militante islâmico Abdelhakim Sefrioui, para exigir a demissão de Paty.

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Após a tragédia, os investigadores do departamento de contraterrorismo da França descobriram, ao questionar seus colegas de classe, que a aluna nunca havia assistido à aula onde foram mostradas as caricaturas.

Além disso, Samuel Paty nunca pediu aos alunos muçulmanos que saíssem da sala de aula: ele simplesmente sugeriu que, aqueles que quisessem, poderiam desviar o olhar, mostrando a caricatura por apenas alguns segundos.

Adolescente admitiu ter mentido

Depois de negar os fatos durante suas duas primeiras audiências, a adolescente finalmente admitiu ter mentido.

Seu advogado, Mbeko Tabula, disse que sua cliente, agora com 16 anos, "não poderia ter imaginado que as coisas chegariam a esse ponto", acrescentando que "a tragédia da decapitação de Samuel Paty continua a assombrá-la. Ela está reconstruindo sua vida e se preparando para enfrentar um julgamento de alto risco".

O pai da adolescente, que lançou a campanha nas redes sociais contra o professor Paty baseada em falsas acusações, deverá ser julgado no final de 2024 com outros sete adultos.

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Penas de até 2 anos e meio para os menores

Os seis ex-alunos que estão sendo julgados podem pegar entre dezoito meses e dois anos e meio de prisão. Treze professores declararam sua intenção de participar da ação civil após o início do julgamento.

Essa medida surpreende a irmã do professor, Mickaëlle Paty, que aponta que ele não foi realmente apoiado por seus colegas: ela quer que o julgamento mostre como "covardia, mentiras, apoio e cumplicidade", segundo ela, levaram à morte de seu irmão.

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