Topo

Carlos Madeiro

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

AL: Brasileiro mais longevo com coração transplantado morre de câncer

Francisco em sua casa quando comemorou os 50 anos - Thiago Aquino/UOL
Francisco em sua casa quando comemorou os 50 anos Imagem: Thiago Aquino/UOL

Colunista do UOL

11/04/2023 18h14Atualizada em 11/04/2023 18h17

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Morreu na madrugada de hoje, em Santana do Mundaú (AL), zona da mata de Alagoas, o homem com a maior longevidade após um transplante cardíaco do Brasil. Ele tratava um melanoma (câncer de pele agressivo) descoberto no início do ano.

O que aconteceu

Francisco Sebastião de Lima, 51, recebeu um novo coração em março de 1989, quando tinha 17 anos, em cirurgia feita em Aracaju. Há 34 anos, foi o primeiro transplante cardíaco do Nordeste.

Na época, ele tinha Doença de Chagas e estava em estado gravíssimo quando conseguiu o novo coração.

Segundo familiares, ele morreu na casa onde morava. Francisco teve o corpo sepultado hoje às 16h.

Antes dele, o advogado paulista Tanabi Waldir de Carvalho —que faleceu aos 82 anos— era o mais longevo: viveu 32 anos com coração transplantado.

Médico acompanhava paciente desde o transplante

O cardiologista José Wanderley Neto destaca que Lima foi operado jovem, tinha apoio da família e seguia "rigorosamente" o protocolo de acompanhamento após o transplante —fatores importantes para a longevidade.

O médico coordenou a operação e acompanhava o paciente desde então.

Cardiologista José Wanderley Neto e Francisco na homenagem de 2019, quando ele chegou a 30 anos de transplante - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Cardiologista José Wanderley Neto e Francisco na homenagem de 2019, quando ele chegou a 30 anos de transplante
Imagem: Arquivo pessoal

O médico diz que não há relação com o transplante com o câncer, mas cita que os remédios que transplantados tomam para evitar rejeição do órgão reduzem a imunidade. "As drogas imunossupressoras são carcinogênicas. As pessoas que tomam de forma crônica têm mais chance de ter uma doença."

Não havia central de transplantes nem protocolos definidos para captação do órgão na época do transplante. O paciente viajava para o local onde o doador morreu. "Era mais fácil que trazer, e quando teve esse coração, fomos eu, ele e o pai dele no primeiro voo da TransBrasil", lembra.