Bolsonaro cria 'xandismo' e trata Xandão como novo Sergio Moro
Acuado pela delação de Mauro Cid e pelas provas que a Polícia Federal colecionou, Bolsonaro recorre a um expediente usado por onze em cada dez investigados indefesos. Em vez de se defender, libera seus advogados para atacar Alexandre de Moraes, crivando-o de questionamentos formais.
Na penúltima investida, a defesa de Bolsonaro recorreu contra decisão do presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso, que indeferiu pedido para afastar Moraes da relatoria do inquérito sobre o golpe. Bolsonaro pede a Barroso que submeta sua decisão ao aval do plenário do Supremo.
Na semana passada, a defesa de Bolsonaro já havia protocolado três recursos, tentando protelar o seu interrogatório na Polícia Federal. Moraes indeferiu todos, forçando o investigado a silenciar diante de um delegado para não se autoincriminar.
Na prática, Bolsonaro tenta criar um 'xandismo', movimento análogo ao que se convencionou chamar de lavatismo. A defesa e o investigado tratam Xandão como um novo Sergio Moro, no pressuposto de que, depois da condenação, poderão alegar a parcialidade dos julgadores. O diabo é que, no caso de Bolsonaro, o julgamento ocorre no Supremo. E a maioria dos ministros da Corte vem referendando os atos de Moraes.
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