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Em julgamento, adolescente confirma acusação de estupro contra integrantes da banda New Hit

Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

18/02/2013 22h32

Terminou às 21h30 desta segunda-feira (18) o primeiro dia de julgamento dos integrantes da banda New Hit. Ao todo, cinco testemunhas e uma das supostas vítimas de estupro prestaram depoimento. O dia também foi marcado por protesto de movimentos feministas e dos direitos humanos, que pediram a condenação do grupo.

Cronologia do caso

3 de outubroPagodeiros da New Hit são soltos e são recebidos por fãs
2 de outubroJustiça concede habeas corpus e Ministério Público da Bahia denuncia à Justiça os integrantes
25 de setembroInquérito civil é finalizado e integrantes são indiciados por estupro e formação de quadrilha
24 de setembroLaudo pericial das roupas das adolescentes aponta sêmen em grande quantidade
17 de setembroAdolescentes ameaçadas são incluídas no Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte (PPCAAM)
6 de setembroPedido de habeas corpus negado
3 de setembroLaudo confirma que houve violência sexual contra as duas adolescentes
31 de agostoIntegrantes da New Hit são transferidos para o Presídio de Feira de Santana
26 de agostoData em que o crime supostamente aconteceu e prisão dos integrantes da banda

O julgamento começou no início da manhã desta segunda-feira, no fórum de Ruy Barbosa (a 323 km de Salvador), onde teria ocorrido o crime.

Antes dos depoimentos, porém, dezenas de manifestantes, com faixas, cartazes e gritos, pediram a condenação dos integrantes da banda. Os ânimos chegaram a ficar exaltados quando mulheres tentaram entrar no Fórum. Policiais militares que faziam a segurança do local foram acionados e contiveram o início de tumulto.

Além de manifestantes que pediam punição, um pequeno grupo de fãs da banda New Hit também marcaram presença, em especial adolescentes. Eles levaram mensagens de apoio e de torcida pela absolvição dos nove integrantes.

Depoimentos

Nesta segunda-feira (18), a juíza Márcia Simões interrogou a primeira das duas supostas vítimas, que voltou a confirmar a versão de que foram estupradas pelos integrantes do grupo. Ela esteve acompanhada de dois advogados. O depoimento durou três horas.

Além da suposta vítima, outras cinco testemunhas de acusação prestaram depoimento. Os interrogatórios devem seguir nesta terça-feira pela manhã, com depoimento previsto da outra suposta vítima e de mais testemunhas. Deve começar também a fase dos depoimentos de defesa.

Por se tratar de caso envolvendo adolescentes, o processo corre em segredo de Justiça, e a imprensa não tem acesso à sala da magistrada onde ocorrem os depoimentos.

Segundo o Tribunal de Justiça da Bahia, durante o primeiro dia de instrução, os advogados de defesa da banda pediram a impugnação do depoimento da ginecologista que atendeu uma das vítimas e emitiu laudo médico apontando para um possível estupro. O pedido, porém, foi negado pela juíza.

Além da médica, também foram ouvidos dois policiais militares, que atenderam à ocorrência, após pedido de socorro das adolescentes. Nenhum detalhe do que foi dito pelas testemunhas foi revelado pela Justiça.

A previsão inicial era de que os depoimentos acontecessem até a próxima quarta-feira (20). Porém, pela quantidade de testemunhas a serem ouvidas, os depoimentos podem durar mais tempo, já que ainda falta o interrogatório de mais de 50 pessoas.

Segundo o MPE (Ministério Público Estadual), que faz a acusação, serão ouvidas pela Justiça, além das duas vítimas, 11 testemunhas de acusação e 48 de defesa. Também serão interrogados os 10 denunciados no caso –os nove integrantes da banda e o policial militar que fazia a segurança do grupo e é acusado de acobertar o crime. Por não ser um júri popular, o julgamento não deverá ter sentença dada imediatamente, e a juíza ainda poderá pedir novas oitivas antes de definir o destino dos acusados.

A acusação

Segundo a versão apresentada pelas duas adolescentes, elas foram até o ônibus do grupo, em 26 de agosto, no município de Ruy Barbosa, para pedir autógrafo e parabenizar um dos integrantes que fazia aniversário. Lá, teriam sido levadas para o banheiro e violentadas sexualmente, sob a conivência de um policial militar que fazia a segurança da banda. Os integrantes da banda, que chegaram a ficar presos 38 dias, negam o crime e falam em "sexo consensual."

Estão sendo julgados os nove integrantes da banda: Alan Aragão Trigueiros, Edson Bonfim Berhends Santos, Eduardo Martins Daltro de Castro Sobrinho, Guilherme Augusto Campos Silva, Jefferson Pinto dos Santos, Jhon Ghendow de Souza Silva, Michel Melo de Almeida, Weslen Danilo Borges Lopes e William Ricardo de Farias.

Para o MPE, que ofereceu a denúncia, todos são acusados de estupro qualificado, com concurso de duas ou mais pessoas, e concurso material com características de crime hediondo. O MPE também denunciou o policial militar Carlos Frederico Santos de Aragão.

Segundo a acusação, eles praticaram o estupro "mediante extrema violência, por repetidas vezes e em alternância, conjunção carnal e atos libidinosos diversos, inclusive desvirginando uma das vítimas, em razão do que foram presos em flagrante."