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Dois confessam ter atirado em engenheiro em favela do Rio, diz PM; um é menor

Julia Affonso

Do UOL, no Rio

10/06/2013 15h17Atualizada em 10/06/2013 16h26

Policiais do 22º Batalhão da Polícia Militar (Maré) informaram que duas pessoas se entregaram na tarde desta segunda-feira (10) e confessaram serem os autores dos tiros que atingiram o engenheiro Gil Augusto Ramos, 53, baleado na cabeça na manhã de sábado (8) em uma das entradas do Complexo da Maré, zona norte do Rio de Janeiro, e um catador de lixo que trabalhava na Linha Amarela. De acordo com a corporação, um deles é menor de idade. Anteriormente, a própria PM havia informado que os dois eram menores, mas corrigiu a informação em seguida.

Jhony Barbosa, 25, e o menor de 16 anos foram encaminhados à 21ª DP (Bonsucesso) para depor. Segundo os policiais do 22º BPM, os suspeitos se apresentaram acompanhados de advogados e entregaram duas pistolas que teriam sido usadas no crime. Ainda de acordo com a PM, os dois disseram que o menor foi o autor dos tiros.

O engenheiro seguia para o Aeroporto Internacional Tom Jobim, na Ilha do Governador, zona norte, quando sua mulher ligou avisando que havia pegado um táxi. Ele estava na avenida Brasil, procurou um retorno e acabou entrando por engano na favela. A Lamsa, concessionária que administra a Linha Amarela, informou que havia uma placa no loca, que foi retirada no início do mês após ser danificada. O prazo para recolocação é esta terça-feira (11).

O delegado disse que está fazendo diligências no local para identificar o autor dos disparos. "Nós temos cinco nomes e estamos trabalhando, fazendo contatos para confirmar quem teria atirado", contou Costa.

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, o estado do engenheiro é grave. O delegado de plantão na 21ª DP (Bonsucesso), Flavio Loureiro, informou, no fim de semana, que os disparos atingiram o engenheiro que estava no carro e um catador de lixo que trabalhava na Linha Amarela. O veículo foi periciado em busca de digitais e do projétil que atingiu a vítima. O caso foi registrado como tentativa de homicídio.

Ainda segundo o delegado, o catador de lixo, que também foi atingido, contou que viu o carro entrar na comunidade e, logo após, ouviu os tiros e sentiu que havia sido atingido. Em depoimento, ele disse que não conhecia quem o levou para o hospital em uma Kombi.

A Polícia Militar anunciou que vai implantar um esquema especial de segurança no trajeto entre o Aeroporto Internacional Tom Jobim, na Ilha do Governador, zona norte do Rio de Janeiro, e a avenida Brasil, uma das principais vias de acesso ao Rio de Janeiro, durante a Copa das Confederações.

 

Falsa confissão

Na madrugada do dia 2, um menor suspeito de ter atirado em um turista alemão na favela da Rocinha, na zona sul do Rio, foi apreendido por policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) do local. O menor, de 16 anos, foi encaminhado à Deat (Delegacia Especial de Apoio ao Turista), no Leblon.

De acordo com a Polícia Civil, o menor teria se entregado aos policiais da UPP acompanhado de um homem que presta serviços sociais na comunidade e alegou ter sido o autor dos disparos contra o turista. Durante o depoimento ao delegado do DEAT, Alexandre Braga, contudo, o menor voltou atrás e negou a autoria do crime. Além disso, o delegado avaliou que as informações conflitavam com o depoimento amigo do turista alemão que presenciou o ocorrido, o que levaria a crer que o menor não seria o criminoso.

Maioridade penal

O caso ocorre em meio à dicussão sobre a revisão da maioridade penal no Brasil. Na última semana, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, afirmou que é a favor da revisão da maioridade penal.

"O episódio está sendo investigado. Sobre a questão do menor, eu acho que está na hora de revisar isso, exatamente em função da participação de menores na criminalidade", disse o secretário. "Está na hora do nosso legislador dar uma resposta objetiva e concreta à sociedade."