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Militantes protestam em frente a Secretaria de Segurança do Rio contra operação do Bope

Na terça, cerca de 50 moradores protestaram contra a ação do Bope no Complexo da Maré - Bruno Gonzalez/Extra/Agência O Globo
Na terça, cerca de 50 moradores protestaram contra a ação do Bope no Complexo da Maré Imagem: Bruno Gonzalez/Extra/Agência O Globo

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

26/06/2013 10h44

Cerca de 20 militantes de movimentos sociais e do Fórum de Luta Contra o Aumento da Passagem se reuniram nesta quarta-feira (26) em frente à sede da Secretaria Estadual de Segurança Pública, na Central do Brasil, na zona portuária do Rio de Janeiro, para participar de um protesto contra a operação do Bope (Batalhão de Operações Especiais) no Complexo da Maré, entre a noite de segunda (24) e a tarde de terça-feira (25), que resultou na morte de nove pessoas.

De forma pacífica, os manifestantes ocuparam a calçada, o que não gerou transtornos para o trânsito na região. A Polícia Militar reforçou o efetivo e praticamente cercou a Central do Brasil. Também há grande número de agentes da Guarda Municipal atuando no patrulhamento.

Menores aproveitam protesto para fazer arrastão no Rio

Segundo o vigilante André Luiz Abreu de Souza, membro do movimento Favela Não Se Cala e um dos organizadores do protesto, há duas principais reivindicações: o fim da "remoção branca" e a desmilitarização da Polícia Militar. "O que aconteceu na Maré foi uma chacina. UPP não é um projeto de segurança, e sim de cidade olímpica. A regularização dos serviços não vem acompanhada de projetos sociais", disse.

Ao UOL, Souza afirmou que o protesto desta manhã foi definido na plenária de ontem do Fórum de Luta Contra o Aumento da Passagem, que contou com cerca de 3.000 pessoas, segundo ele. "Se todo mundo que estava na plenária ontem viesse pra cá, teríamos um grande ato. Mas não temos a ilusão de reunir nem mil pessoas aqui", comentou o historiador Fransérgio Goulart, do Fórum Social de Manguinhos.

Segundo Goulart, como o protesto foi definido ontem, não houve tempo hábil para divulgá-lo entre os moradores do Complexo da Maré. Os organizadores do ato afirmam ainda que esperam um posicionamento da Secretaria de Segurança por meio de nota oficial. "Não queremos conversa", disse Souza.

Operação

Cerca de 300 policiais do Bope, com apoio do 22º Batalhão de Polícia Militar (Maré) e de policiais civis, ocuparam a Maré em uma operação para prender os suspeitos de matar um policial do Bope na noite de segunda. A operação começou após um arrastão ocorrido em Bonsucesso durante uma manifestação. Policiais do Bope e da Força Nacional de Segurança foram para a região. O sargento que morreu na operação tinha 17 anos de serviço, sendo 13 deles no Bope, e deixa mulher e dois filhos.

Os moradores das favelas reclamaram de truculência policial e chegaram a protestar no local para  que a operação tivesse fim. "Eles estão pensando que morador é bandido. Matando morador, invadindo casa de morador a torto e a direito. Eles são covardes", afirmou Edilaine Silva, 25, que mora na favela Nova Holanda.

A diretora da ONG Redes da Maré, Eliana Sousa Silva, afirma que moradores foram à instituição, que atua na mobilização de moradores quanto ao tema da segurança pública, para denunciar a violência policial desde o início da operação. "Eles estão matando as pessoas e colocando dentro de um saco", disse. "Estão gritando dentro da comunidade que vão matar todo mundo."

A aposentada Clemilda Lopes de Lima, 63, afirma que teve a casa revirada e móveis destruídos pela polícia. "Arrombaram minha casa, reviraram tudo. Isso é uma pouca vergonha. Tem que entrar com autorização", disse. "Eles têm que respeitar o morador." O major Ivan Blaz, do Bope negou as acusações dos moradores. "Nada disso procede", afirmou.

Segundo balanço divulgado pela Polícia Militar, um suspeito de ter matado o PM identificado como Edvan Ezequiel Bezerri, conhecido como Ninho, foi preso juntamente com outros dois homens e três menores foram apreendidos com uma pistola 380. Foram apreendidos ainda dois fuzis, uma submetralhadora, três pistolas, uma granada e mais de 2.000 trouxinhas de maconha.

As ocorrências foram registradas na 21ª DP (Bonsucesso) e na 37ª DP (Ilha do Governador).