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Nova onda de violência em SC tem 10 ataques contra ônibus e policiais

Renan Antunes de Oliveira

Do UOL, em Florianópolis

29/09/2014 03h05

Com novos três ataques na noite desse domingo (28), subiu para 10, em 48 horas, o número de incidentes contra ônibus e postos policiais na nova onda de violência em Santa Catarina, idêntica àquelas ocorridas em novembro de 2012 e fevereiro de 2013.

Os ataques da noite aconteceram poucas horas depois que o governador em exercício, Nelson Martins, determinou reforço no policiamento e alerta total contra ações de uma facção criminosa, apontada como responsável pela Secretaria Estadual de Segurança.

O transporte coletivo foi interrompido da noite de sábado ao meio-dia de domingo (28), mas voltou a funcionar com escolta armada nos bairros da parte continental de Florianópolis.

A motivação dos criminosos ainda não foi esclarecida pelas autoridades. Segundo o setor de inteligência ela varia desde reação ao trabalho policial nas ruas a uma suposta briga entre traficantes rivais.

Segundo a Polícia Militar, por volta das 21h, dois homens jogaram uma bomba incendiária num ônibus em Tijucas, a 30 km da capital. Às 23h, outro ônibus foi incendiado na parte insular de Florianópolis, onde até então não havia escolta. 

A PM informou também que uma de suas bases em Palhoça foi atingida por três tiros, disparados por um motoqueiro. O mesmo local, próximo da penitenciária, já tinha sido atacado na onda de 2012.

Nenhuma vítima foi registrada nos 10 incidentes até agora. Um suspeito de autoria de ataques foi morto em confronto pela polícia, na madrugada de domingo.

A morte do suspeito foi um dos fatores que determinaram reforço no policiamento, porque as autoridades já esperavam por represálias. Num ataque anterior, ao amanhecer de domingo, um bando de 10 homens incendiou um ônibus em São José, na Grande Florianópolis.

O número alarmante de atacantes provocou a convocação pelo governador da cúpula da Segurança Pública para enfrentar a crise. As autoridades usaram a mesma estrutura do QG da PM para combater a onda atual.

A PM liberou o nome do foragido da Justiça e ex-presidiário Vanderlei de Lima Castro, supostamente autor do primeiro atentado ocorrido na sexta-feira. Ele seria o elo com a facção PGC (Primeiro Grupo Catarinense), criada nos anos 90 na penitenciária de segurança máxima de São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis.

O governador em exercício e o secretário Grubba identificam os autores dos ataques apenas pelas expressões “facção criminosa” ou “facções criminosas”.

Apesar de referências policiais a várias facções, apenas o PGC domina os presídios catarinenses. 

A Polícia Civil adota o protocolo de investigar cada ataque para identificar se eles estão conectados.

Segundo a Secretaria de Segurança, o PGC orquestrou as duas ondas incendiárias notáveis vividas pelo Estado em novembro de 2012 (58 ataques, 27 ônibus incendiados em 16 cidades) e fevereiro de 2013 (111 ataques em 36 cidades, com 45 ônibus queimados).

A motivação daqueles ataques foi obter regalias para as lideranças nas cadeias. Elas ordenaram as ações, conduzidas por seus comparsas nas ruas.

A violência acabou depois que a Força Nacional de Segurança ocupou os presídios, isolou os líderes e transferiu 40 deles para cadeias fora de SC. Cerca de 120 pessoas foram presas e acusadas pelos crimes.

Em maio, 83 dos atacantes foram condenados pela Justiça a penas que somadas chegam a mil anos.