Polícia diz a deputados ter dados suficientes para chegar a assassinos de Marielle
Após participar nesta terça-feira (8) de reunião entre policiais e parlamentares sobre a investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), o deputado federal Jean Wyllys (PSOL) afirmou que a polícia acredita já ter evidências suficientes para chegar aos assassinos. Às vésperas de completar dois meses, o crime ainda não foi elucidado e ninguém foi preso.
“Ele [o delegado Fábio Cardoso, chefe da Divisão de Homicídios do Rio] disse que já tem informações suficientes para cruzar os dados e chegar aos assassinos, então ele está otimista”, disse Wyllys.
O deputado também relatou que o delegado teria dito que diversas linhas de investigação foram descartadas e que “o cerco está se fechando”. O policial teria afirmado ainda que os matadores foram muito bem treinados e “não são pessoas quaisquer” e que “pessoas assim, para executar um crime desses, não são baratas”.
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Além de Wyllys, participaram da reunião com Cardoso na manhã de hoje na Divisão de Homicídios, os deputados Alessandro Molon e Glauber Braga (PSOL), todos da Comissão de Externa da Câmara dos Deputados, que vem acompanhando os desdobramentos do caso.
Os parlamentares haviam pedido a reunião para cobrar resultados e esclarecimentos sobre os trabalhos da polícia.
“Nós viemos pedir informações e cobrar o esclarecimento da execução de Marielle e de Anderson que daqui a pouco vai completar dois meses, portanto é inaceitável que esse caso continue sem solução e é isso que a gente veio dizer”, afirmou Molon.
Arma do crime
Wyllys também afirmou que a Polícia Civil do Rio de Janeiro desfez a impressão de que não sabia que tipo de arma foi usada no crime.
Desde o assassinato, em 14 de março, as informações que vieram a público não explicavam bem se a arma usada era uma pistola ou uma submetralhadora. Porém, nesta semana, a polícia afirmou que a vereadora e seu motorista Anderson Gomes foram mortos com tiros disparados de uma submetralhadora MP5 de calibre 9 milímetros.
A divulgação do fato teria dado margem a especulações de que a polícia só descobriu qual foi o tipo de arma usada no crime quase dois meses depois que ele ocorreu.
“O delegado disse que, em momento algum, a polícia passou a informação de que a arma utilizada no crime era uma pistola 9 milímetros. A informação única que foi passada é que a munição era [de calibre] 9 milímetros o que quer dizer que, segundo ele, a polícia já sabia que era uma submetralhadora”, afirmou Wyllys.
Antes da reunião, o deputado Molon havia apontado como um possível erro da polícia o fato de o IML (Instituto Médico Legal) não ter feito exames de raio-x nos corpos das vítimas devido a um equipamento quebrado. O exame poderia em tese revelar a trajetória dos projéteis dentro dos corpos.
Wyllys afirmou, depois do encontro, que o delegado Cardoso teria dito que, no caso específico dos assassinatos da vereadora e do motorista, tal exame não seria necessário. Porém, ele classificou como gravíssimo o fato de o aparelho estar quebrado no momento do crime.
“Temos a impressão de que a polícia não quer passar as informações para não prejudicá-las. Queremos crer que a polícia não está passando informações para não prejudicar as investigações”, disse Wyllys.
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