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Kakay, advogado que defende 17 na Lava Jato, tentará libertar João de Deus

O advogado criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay - Sergio Dutti/UOL
O advogado criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay Imagem: Sergio Dutti/UOL

Flávio Costa

Do UOL, em São Paulo

24/12/2018 18h16

Notório por defender pelo menos 17 pessoas envolvidas na Operação Lava Jato, o advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, entrou no caso de João de Deus nesta segunda-feira (24).

Ele vai atuar no processo de habeas corpus no STF (Supremo Tribunal Federal), que visa tirar da prisão João Teixeira de Faria, 76, o João de Deus. O autodeclarado médium está preso desde o dia 16 e é investigado por supostos abusos sexuais contra dezenas de mulheres.

João de Deus já teve um pedido de liberdade negado pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) e agora o presidente do STF, ministro Dias Toffoli, analisa novo recurso.

Os defensores afirmam que o encarceramento do médium é um "constrangimento ilegal". Idade, saúde e "credibilidade" da Justiça são alguns dos argumentos usados pela defesa para tentar tirá-lo da prisão. 

Ao UOL, Kakay afirmou que não irá participar dos atos de defesa no tocante à investigação tocada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de Goiás. 

"Não sou advogado do João de Deus nos processos criminais, que são da exclusiva responsabilidade do grande advogado Alberto Toron e sua valorosa equipe. Somente atuarei na questão relacionada ao habeas corpus", afirmou.

Sócio-diretor de um dos principais escritórios de Brasília, Kakay afirma ser "desnecessária" a prisão preventiva de seu cliente.

"Os fundamentos apresentados não justificam a necessidade de uma prisão preventiva. Pensamos que é plenamente possível que, assim que as informações forem prestadas, a gente consiga uma liminar para no mínimo colocar João de Deus em uma prisão domiciliar", disse.

Kakay já atuou na defesa de políticos como Paulo Maluf (PP-SP) e Marconi Perillo (PSDB-GO).

75 mulheres já prestaram depoimento

Das 255 denúncias contra João de Deus que chegaram ao conhecimento das autoridades, a força-tarefa que investiga o caso já recolheu o testemunho de 75 mulheres que afirmaram terem sido vítimas de abusos sexuais cometidos pelo médium. Ele nega as acusações. 

"As vítimas apresentaram passagens aéreas, demonstrando que estiveram no local [Abadiânia]. Apresentaram também presentes que receberam deste líder espiritual", afirmou a promotora Patrícia Ottoni Pereira.

Dinheiro encontrado em casa 

A mala com dinheiro encontrada pela Polícia Civil de Goiás em uma das casas de João Teixeira de Faria, o João de Deus, tinha R$ 1,2 milhão, informou a corporação nesse sábado (22). Os policiais também encontraram 770 euros e US$ 908.

Os valores foram achados durante operação de busca e apreensão em Abadiânia (GO). Além do dinheiro, os policiais localizaram dezenas de pedras que podem ser preciosas e um fundo falso, dentro de um guarda-roupa, onde ficava um cofre que estava vazio.

O advogado Alberto Toron negou que a quantia encontrada tenha origem ilícita. Toron afirma que seu cliente mantinha altas quantias guardadas em cofres em suas residências por "medo de assaltos".