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Madeleine: Moraes não morde isca do desespero e tem melhor reação possível

Do UOL, em São Paulo

30/10/2022 16h59Atualizada em 30/10/2022 17h58

A colunista do UOL Madeleine Lacsko opinou que o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o ministro Alexandre de Moraes, teve a "melhor reação possível" e "não mordeu a isca do desespero" ao fazer pronunciamento na tarde de hoje e decidir que não haverá extensão do horário de votação em nenhuma cidade do país. Moraes também afirmou que as operações policiais da PRF (Polícia Rodoviária Federal) nos estados "em nenhum caso impediram a votação" dos eleitores.

Hoje, a PRF realizou mais de 500 operações policiais nos estados, que teriam atrasado o voto de eleitores. O ministro, porém, garantiu que a ação das polícias "em nenhum caso impediu a votação". Durante coletiva de imprensa, o ministro disse também que foi determinado que as polícias interrompessem as ações.

"A gente tem que ver as reações. Para mim, a reação do ministro Alexandre de Moraes foi a melhor que ele poderia ter em um momento de 'se correr, o bicho pega, se ficar o bicho come'. Porque, fato é, pode ter sido uma grande armação? Pode. Mas pode ter sido que pessoas dentro da polícia tenham resolvido fazer isso [as ações da PRF] de modo próprio, sem uma ligação com a campanha [de Bolsonaro] ou entre eles? Também pode ser. O fato é que nós não sabemos neste momento."

Madeleine apontou que, se Moraes mudasse a regra das eleições para estender o horário de votação, seria necessário que ele tivesse dados efetivos que comprovassem que eleitores não conseguiram chegar para votar, caso contrário ele seria acusado de dar vantagem para um dos lados na disputa.

"E qual é a conta que o ministro Alexandre de Moraes tem que fazer? Se ele morde essa isca do desespero e dos 'Che Guevara de apartamento' que estão agora na internet chamando o ministro de covarde, a pessoa não tem coragem de lavar uma camisa, de fazer uma salada de frutas, mas covarde é o ministro, que está segurando a eleição", começou.

E continuou: "Se ele muda essa regra e ele fala 'vamos dar tantas horas a mais', é com base em qual dado efetivo? Quantas pessoas deixaram de ir? Quais são essas pessoas? Ou então ele pode ser acusado de estar dando vantagem para um dos lados intencionalmente. Para ele mudar uma regra no dia da eleição, ele não tem de ter suspeitas, ele tem que ter certeza".

A colunista ainda afirmou acreditar que se Lula ganhar as eleições hoje, ele não deve questionar as consequências dessas ações da PRF, porém, caso Bolsonaro leve a disputa, talvez, o PT queira questionar, mas o candidato do PL terá a vantagem de ter toda a máquina estatal em suas mãos.

Josias: Conclusão de Moraes sobre ações da PRF parece frágil e precária

Na avaliação do colunista do UOL Josias de Souza, "parece frágil e precária" a conclusão do ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que as operações policiais da PRF (Polícia Rodoviária Federal) nos estados "em nenhum caso impediram a votação" dos eleitores. Durante coletiva de imprensa realizada na tarde de hoje, o ministro disse também que foi determinado que as polícias interrompessem as ações.

"Parece frágil a conclusão do ministro de que não houve prejuízo [no voto do eleitor com essas ações da PRF]. Ele diz que, quando o ônibus foi parado pela Polícia Rodoviária Federal foi feita a inspeção, em função de pneu careca ou farol quebrado, mas não houve prejuízo porque o ônibus depois foi liberado e o eleitor chegou ao seu destino final, que era a cabine de votação. Será? Como o ministro pode assegurar isso?", disse Josias de Souza, colunista do UOL, no UOL Eleições 2022.

Maierovitch: Bolsonaro usa PRF na campanha e faz vale-tudo para ganhar

O jurista e colunista do UOL Wálter Maierovitch afirmou que Jair Bolsonaro (PL) está usando a PRF (Polícia Rodoviária Federal) em sua campanha e que faz uma espécie de "vale-tudo" para ganhar as eleições.

"Bolsonaro instaurou um vale-tudo, um vale-tudo para ganhar, e se não ganhar ter desculpas", disse depois de afirmar que as ações da PRF mostram uma tentativa de quebrar o princípio da igualdade.

Ele também expressou preocupação com os próximos meses do ano, caso Bolsonaro seja derrotado nas urnas, relembrando declarações em tom golpista do atual presidente, por exemplo, no dia 7 de Setembro.

Hoje é dia 30 de outubro e nós temos novembro e dezembro, porque a posse e início do exercício do presidente eleito começará no dia 1º [de janeiro]. Temos um espaço de tempo muito preocupante para alguém que durante todo o seu mandato trabalhou para conseguir a reeleição, para buscar a autocracia e terminar com a democracia".

Assista à íntegra do programa especial do UOL nas eleições: