Resgate de mineiros presos no Peru ainda levará "algumas horas" para que segurança seja garantida, diz presidente Humala

Os trabalhadores presos desde quinta-feira (5) em uma mina na região de Ica, no sul do Peru, podem ser resgatados ainda na noite desta terça-feira (9). Os trabalhadores ficaram presos em um túnel horizontal da mina de ouro e cobre “Cabeza de Negro”, depois de um deslizamento ocorrido na última quinta-feira (5).

A mina fica em Quilque, distrito de Yauca do Rosário, a cerca de 38 quilômetros da cidade de Ica, em uma região desértica e montanhosa de difícil acesso.

O presidente peruano, Ollanta Humala, foi de helicóptero até o local, na noite de hoje, para acompanhar os trabalhos. Ele informou que o resgate exige segurança total, o que pode fazer com que o trabalho ainda demore "algumas horas". “Ainda vai levar algumas horas, mas tem que ser assim, porque temos que fazer um trabalho seguro, para que não haja vítimas”.

Durante o tempo em que ficaram presos, eles receberam líquidos, oxigênio e algum alimento através de um tubo metálico pelo qual também se comunicaram com os socorristas e seus familiares.

Os trabalhadores estavam a dois metros das equipes de resgate, segundo informação do ministro de Minas e Energia, Jorge Merino, que também foi ao local.

Nos últimos dias, os desabamentos se tornaram o principal problema para o resgate, segundo os encarregados das operações de resgate. "Avançamos colocando madeira para evitar novos deslizamentos, que constituem o principal problema para resgatar os mineiros", disse à AFP Edward Bejarano, um dos dois engenheiros que dirigem as operações de socorro.

Roger Pariona, um dos mineiros soterrados, conseguiu se comunicar com as equipes de resgate nesta terça: "Esperamos com tranquilidade e força o momento de resgate e do reencontro com nossas famílias".

"Podemos escutar o som dos trabalhos que estão sendo feitos. Sabemos que as equipes estão perto e achamos que em poucas horas deveremos sair. Espero que eles consigam nos resgatar em breve", acrescentou, segundo declaração divulgada pela agência oficial Andina.

Estado de saúde

O médico Hubert Mallma Torres, que conversou com os mineiros nesta terça através de um tubo, disse que quatro dos nove trabalhadores já sofrem os primeiros danos em sua saúde.

"Dos quatro, o estado mais delicado é o de Félix Cucho, que tem mais de 50 anos", indicou o especialista após ter explicado que os trabalhadores apresentam "quadros diarreicos".

"Isto para nós é uma preocupação. No início acreditava-se que seriam resgatados em um ou dois dias, mas agora, se um processo infeccioso for desencadeado, as coisas podem ficar complicadas", explicou.

O médico informou que, por meio do tubo, estão sendo enviados aos mineiros sais para sua hidratação. "No momento, temos a situação sob controle, mas é preciso levar em conta que trabalhamos artesanalmente".

O médico indicou que "à medida que os dias se passarem, os problemas de saúde vão aparecer. Primeiro era um estresse normal, mas agora, com o passar das horas, ao estresse se somam as infecções estomacais".
 

(Com informações do jornal "El Comercio")