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Arcebispo que bateu dom Odilo em eleição diz que papa brasileiro seria "honra imensa"

Deborah Trevizan

Do UOL, em Brasília

12/03/2013 15h30

Tido como um dos favoritos para vencer o conclave da sucessão de Bento 16, dom Odilo Scherer já enfrentou uma situação oposta. Em 2007, na eleição que escolheu o presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), o cardeal arcebisbpo de São Paulo foi derrotado por dom Geraldo Lyrio Rocha, arcebispo de Mariana (MG), que venceu o pleito eclesiástico com 92% dos votos.

Apesar disso, dom Geraldo, que presidiu a CNBB entre 2007 e 2011, acredita que dom Odilo Scherer tem todos os requisitos para ser considerado um dos favoritos no conclave que começou nesta terça-feira (12), no Vaticano.

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"[Dom Odilo] É um homem que tem experiência na Cúria Romana, um homem muito preparado, culto e poliglota e tem a experiência de comandar a terceira maior arquidiocese do mundo, que é a de São Paulo. Não é à toa que o nome dele aparece na lista dos mais cotados”, disse dom Geraldo.

O arcebispo de Mariana ainda ainda afirmou que o arcebispo da capital paulista tem tudo para ser um bom papa para a Igreja Católica e para o Brasil. "Seria uma honra imensa se isso acontecesse".

Experiência prévia em 2007 definiu eleição em que dom Odilo saiu derrotado

Para dom Geraldo, o fator que definiu sua vitória na eleição para a presidência da CNBB em 2007 foi a experiência. Isso porque dom Odilo, à época,  tinha assumido a arquidiocese de São Paulo havia pouco tempo. O ex-presidente da CNBB acredita que sua vantagem veio daí. “Eu já era arcebispo há mais tempo, e havia assumido outras funções dentro da CNBB”, completa o religioso que nasceu no Espírito Santo, em 1942.

Além disso, dom Geraldo ressalta que a mecânica das eleições na Igreja Católica faz com que não exista concorrência direta entre os nomes que são votados, porque não há candidaturas lançadas, e sim nomes apontados em uma lista,.

“Eu não me candidatei no processo eletivo, eu e Odilo não fomos concorrentes", explica o arcebispo de Mariana. "É distribuída uma lista com todas as autoridades e, aos poucos, foi se configurando o meu nome e alcancei, já na primeira votação, dois terços dos votos necessários para vencer”.

Arcebispo de Mariana vê semelhanças entre eleição da CNBB e conclave

Dom Geraldo vê semelhanças entre o conclave e a eleição que o escolheu presidente da CNBB em 2007. A lógica que rege as duas escolhas é, guardadas as devidas proporções, a mesma: ausência de candidaturas prévias, eleitores que são candidatos e a necessidade de angariar dois terços do colégio eleitoral para se chegar a um vencedor.

No conclave, porém, o fato de escolher o líder religioso que comandará cerca de 1 bilhão e 200 milhões de fiéis acrescenta complexidade e peculiaridade pelo tipo de eleição. Por isso, o arcebispo de Mariana acredita ser quase impossível que o nome seja escolhido no primeiro dia de votação.

“Além do fato de todos os eleitores também serem candidatos, nenhum deles pode votar em si mesmo. Isso dá o caráter peculiar do conclave", explica dom Geraldo. "E para ser eleito, é preciso obter dois terços dos votos dos presentes e, pela própria lista ampla dos 'papáveis', será uma longa eleição”.

Para dom Geraldo, novo papa terá o desafio de recuperar o êxodo da Igreja Católica

Entre os desafios que dom Geraldo vê para o sucessor de Bento 16, estão a ação evangelizadora, a recuperação do êxodo da Igreja Católica, seja para outras religiões, mas, principalmente, para o abandono da religiosidade.

O arcebispo de Mariana também destaca o diálogo com as outras religiões, principalmente com o o judaísmo e o islamismo. Outro ponto primordial, para dom Geraldo, é a questão da atração dos jovens para a Igreja Católica. Isso porque o Brasil receberá, em julho deste ano, a Jornada Mundial da Juventude, que será realizada no Rio de Janeiro e será, possivelmente, a primeira viagem internacional oficial do próximo papa.