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Em 2050, Brasil, China e Índia terão 40% da produção mundial, diz ONU

Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

14/03/2013 13h00Atualizada em 14/03/2013 13h39

O relatório de Desenvolvimento Humano 2013 do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) divulgado nesta quinta-feira (14) traça possíveis cenários para o futuro, indo até 2050. Segundo o documento, Brasil, China e Índia vão responder, juntos, por 40% da produção mundial em 2050. Em 2010, esses países representavam em torno de 28% desse total, mas, como têm apresentado crescimento acima da média mundial, devem tomar a liderança.

O documento destaca que, pela primeira vez nos últimops 150 anos, o produto combinado das economias chinesa, brasileira e indiana é aproximadamente igual ao PIB combinado das potências industriais (Canadá, França, Alemanha, Itália, Reino Unido e EUA).

Se concretizada a previsão, o trio vai “superar amplamente a produção combinada projetada ao bloco atual do grupo dos sete países desenvolvidos”, que deve ficar em 20% daqui a 37 anos. Os países emergentes são destaque no relatório pelo crescimento significativo para um período de 100 anos. Em 1950, o trio respondia apenas por 10% da produção.

O relatório também vê uma força ainda maior a ser conquistada por países do hemisfério sul. “Em tempos de incerteza, o crescimento coletivo dos países do Sul vem segurando a economia global, apoiando outras economias em desenvolvimento, reduzindo da pobreza e aumentando sua riqueza em grande escala", diz o relatório.

O documento, porém, ressalta que esses países, onde vive a maioria dos pobres do mundo, "continuam a ter grandes desafios". "No entanto, eles são um exemplo de que, com políticas pragmáticas e um foco claro no desenvolvimento humano, pode se dar oportunidades latentes a suas economias, promovidas pela globalização.”

O estudo ainda fala da importância de união dos países emergentes com os vizinhos de continentes e outros países em crescimento. “Brasil China, Índia e outras economias emergentes têm de intensificar as suas relações econômicas e sólida com os seus vizinhos e com todo o mundo em desenvolvimento. [Eles] são cada vez mais influentes na regulação global dinheiro, comércio e finanças, e influenciam cultura, ciência, meio ambiente e segurança”, afirma.

Prioridades até 2050

O relatório do Pnud traça uma perspectiva completa do mundo para daqui a 37 anos e aponta quatro prioridades políticas para o melhor desenvolvimento dos países no futuro: melhorar a equidade e justiça social; ampliar a participação popular, com mais educação e acesso à informação e a tecnologias de comunicação; enfrentar as pressões ambientais; e ter uma gestão de mudança demográfica, com garantia de emprego aos jovens.

No quesito ambiental, o Pnud faz a análise preocupante entre todos os cenários. A mensagem central é de que “ameaças ambientais estão entre os impedimentos mais graves para elevar o número de pobres extremos".

“Mudanças climáticas e alterações locais sobre os recursos naturais e os ecossistemas estão aumentando a pressão sobre o meio ambiente, em quase todos os países, independentemente de seu estágio de desenvolvimento. A menos que sejam tomadas medidas urgentes, o progresso futuro do desenvolvimento humano pode ser ameaçado”, diz o texto.

IDH pelo mundo

  • Arte/UOL

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O relatório traz simulações do impacto de possíveis problemas ambientais, como aquecimento e escassez de água, sobre o número de pessoas vivendo em pobreza extrema. “Cerca de 3,1 bilhões de pessoas podem viver na pobreza extrema  em 2050 sob o cenário de desastre ambiental de progresso acelerado. Sob o cenário de caso-base, o número de pessoas em todo o mundo de extrema pobreza de renda cairia para cerca de 2,7 bilhões de pessoas”, destaca.

Para minimizar os efeitos da probabilidade de crescimento da pobreza, o relatório propõe mudanças urgentes. "Quanto mais demorada é a ação para a retardar, maior será o custo”, destaca o Pnud.

Redução da pobreza

Visando à melhoria de índices de desenvolvimento humano nos próximos anos, o relatório do Pnud diz que, em todos os continentes, "os maiores impactos são produzidos por intervenções políticas saúde e educação."

"Na África subsaariana, por exemplo, as políticas ambiciosas podem aumentar o IDH de 0,612 para 0,651, em 2050. Na maioria das regiões, o reforço da governança tem o impacto maior seguinte através o processo de redução da corrupção, fortalecimento das instituições democráticas e o maior poder das mulheres. Na Ásia Sul e África subsaariana, no entanto, o investimento em infraestrutura é ainda mais importante", afirmou.

Para o Pnud, no futuro, a pobreza vai se comportar de maneiras diferentes dependendo da região geográfica. "Com o caso-base, [a pobreza vai] praticamente desaparecer na China, mas vai diminuir apenas ligeiramente na África subsaariana, porque a população continua a subir, e permanecer elevada na Índia, onde chegar a mais de 130 milhões de pobres em 2030. Com base no cenário de progresso acelerado, o número de pobres diminuiu muito mais rapidamente e, em alguns países, até desaparecer e regiões."

Para a redução substancial da pobreza em 2050, o relatório sugere "políticas ambiciosas", como ações para "evitar cenário de desastre meio ambiente".

Mortalidade infantil

Assim com a questão ambiental, o PNUD também analisa com preocupação o cenário de mortalidade de crianças de até cinco anos no mundo para 2050, especialmente na África. “Muitos países africanos, principalmente o Mali e o Níger, têm uma alta taxa de mortalidade de menores de cinco anos. Mas em todos os países a taxa de mortalidade é menor entre os que têm mães melhor instruídas. Em alguns países, como a Nigéria, índices muito mais baixos de mortalidade infantil estão associados principalmente à educação, em outros, como Libéria e Uganda, a diferença decisiva está associada com o ensino secundário”, destaca o documento.

Para 2050, o PNUD faz duas previsões: uma otimista e outra pessimista. Na otimista, se prevê uma queda gradual dos índices. Já a pessimista faz uma simulação mantendo os índices atuais.

Na previsão de manutenção dos índices, as mortes poderiam chegar a patamares ainda maiores que os registrados hoje, já que o continente africano apresenta uma linha crescente de mortes. Nesse caso, o número de mortes de crianças até cinco anos chegaria 24 milhões entre 2045 e 2050. Caso o cenário mais otimista, com redução rápida da óbitos, esse número cairia para 7,4 milhões.

Para o Brasil, na previsão de um cenário com redução, o país teria 102 mil mortes de crianças entre 2045 e 2050. Já na previsão pessimista, esse número chegaria a 161 mil. Segundo o relatório, entre 2010 e 2015, esse número será de 328 mil óbitos.

“A queda projetada em mortes de crianças reflete o efeitos combinado de que mulheres instruídas têm menos filhos e, por sua vez, menos crianças morrendo. As previsões também mostram que as intervenções políticas têm maior impacto em que os resultados educacionais inicialmente são mais fracos. Estes resultados ressaltam a importância para reduzir a desigualdade de gênero, especialmente na educação e em países com IDH baixo”, diz o documento.