Mesmo em guerra, Líbia é o país que mais sobe no IDH; Portugal tem maior queda
Um país em guerra civil, acossado por revoltas populares e que, um ano e meio após a deposição e morte de seu ditador, ainda não alcançou a estabilidade política foi o que mais avançou no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) em 2012, segundo levantamento divulgado nesta quinta-feira (14) pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). A Líbia, que aparece na posição 64 entre os 104 países pesquisados, subiu 23 posições no ranking do IDH. O índice medido foi de 0,769.
IDH 2012
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A Líbia passou à frente do Brasil, que ostenta altos índices de crescimento econômico e desenvolve políticas de inclusão social elogiadas no mundo todo. Em que pese todo esse pacote, o país tem IDH de 0,730 e ocupa a posição 85, mesma posição de 2011, considerando o recálculo feito pela entidade. “Os indicadores não se constroem a partir de estatísticas econômicas, mas sim de um conjunto de políticas que muitas vezes levam em conta questões culturais. Mas nesse caso é comum que países com reservas de petróleo tenham IDH alto”, diz Daniel de Castro, pesquisador do Pnud.
O IDH é a referência mundial para avaliar o desenvolvimento humano a longo prazo. O índice é calculado a partir de três variáveis: vida longa e saudável (medida pelo indicador expectativa de vida), acesso ao conhecimento (medido pelos índices média de anos escolaridade em adultos e anos esperados de estudo) e e um padrão de vida decente (calculado a partir da renda nacional per capita).
Rica em petróleo, a Líbia desponta com uma renda nacional per capita de US$ 13.765 – o que não quer dizer que haja distribuição equânime desses recursos. A renda per capita do Brasil é 30% menor. Os indicadores de expectativa de vida também elevam o IDH do país, que registrou 75 anos em média – igual à da Estônia e maior que na Hungria, com IDHs superiores à Líbia. A escolaridade média é relativamente baixa: os 7,3 anos médios de ensino são os menores entre os países com IDH alto.
Maior perda
Em Portugal, o cenário é inverso. O país europeu, atual 43º colocado na lista, foi o que mais perdeu posições no IDH em 2012 (estava em 40º no ranking anterior). Mas, mesmo assim, ainda figura na lista de índices de desenvolvimento humano muito altos, junto com as principais economias do mundo, com algumas repúblicas petroleiras e com dois latino-americanos: Chile (40) e Argentina (45).
A crise econômica que atinge a Europa foi decisiva para a queda portuguesa.
“Nesse caso, o componente econômico é fundamental para a manutenção de indicadores sociais importantes”, diz Castro. Mesmo assim, na esteira de relações comerciais dentro da zona do euro, Portugal ainda ostenta indicadores de fazer inveja: expectativa de vida de 79,7 anos e renda per capita de R$ 19,9 mil.
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