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Em Israel, Obama critica assentamentos e defende Estado palestino

Do UOL, em São Paulo

21/03/2013 12h53

Em discurso direcionado para estudantes israelenses no Centro de Convenções em Jerusalém nesta quinta-feira (21), o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, criticou os assentamentos criados por Israel em território palestino e defendeu a criação de um Estado palestino independente. O presidente norte-americano afirmou que a paz é o caminho para a segurança na região. 

Análise

Lior Mizrahi/Efe
A visita que o presidente Barack Obama iniciou na quarta-feira (20) a Israel "parece a missa de réquiem para o processo de paz com os palestinos, moribundo faz tempo", afirma o jornalista Clóvis Rossi, da Folha de S. Paulo. Para o jornalista, o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu não aceita dividir a terra de Israel com os palestinos.

"Os israelenses devem reconhecer que a contínua atividade de assentamentos é contraproducente para a causa da paz, e que uma palestina independente deve ser viável, que fronteiras reais deverão ser delineadas", afirmou Obama.

No aguardado discurso proferido para cerca de 500 jovens israelenses e que também foi transmitido pela televisão, Obama usou palavras duras para defender a autonomia palestina. 

"Calcem os sapatos (ponham-se no lugar) deles, olhem para o mundo com os olhos deles. Não é justo que uma criança palestina não possa crescer em um Estado próprio e viva com a presença de um exército estrangeiro que controla os movimentos de seus pais a cada dia", disse Obama.  

O chefe da Casa Branca ressaltou que não é justo "quando a violência dos colonos não é castigada" e "não é correto impedir aos palestinos cultivar suas terras, restringir a habilidade de um estudante de se deslocar na Cisjordânia ou retirar famílias palestinas de suas casas".

"Nem a ocupação nem a expulsão são a resposta", concluiu. Além disso, pediu que se admita que "assim como os israelenses construíram um Estado em sua pátria, os palestinos têm direito a ser um povo livre em sua terra".

"Como disse (o ex-primeiro-ministro israelense) Ariel Sharon: é impossível ter um Estado democrático judeu e ao mesmo tempo controlar toda a Terra de Israel (conceito sionista que inclui os territórios palestinos). Se insistirmos em conquistar o sonho completo, podemos perdê-lo todo", advertiu.

Obama reafirmou o apoio a Israel e disse estar orgulhoso por os compromissos sobre segurança entre EUA e o Estado judeu estarem "mais fortes do que nunca". 

No entanto, o presidente dos EUA advertiu ao Estado judeu sobre o crescente isolamento internacional que sofre em consequência da piora das condições para que se possa alcançar a solução de dois Estados para dois povos convivendo em paz e segurança.

"Israel precisa reverter a tendência de isolamento. A única forma de proteger ao povo israelense é através da ausência de guerras, porque não há muro suficientemente alto e não há escudo antimísseis suficientemente forte para impedir a todo inimigo causar danos", acrescentou o presidente dos Estados Unidos. 

Visita a Ramallah

Mais cedo, em visita a Ramallah, na Cisjordânia, Obama encontrou-se com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, e reafirmou seu compromisso com a criação do Estado Palestino.

Obama disse ainda que a construção de assentamentos por Israel na Cisjordânia não "avança a causa da paz". No entanto, Obama não chegou a exigir um congelamento das construções para permitir que as negociações sejam retomadas.

Durante a passagem de Obama por territórios palestinos, centenas de manifestantes se concentraram em uma praça de Ramallah para protestar contra a visita do presidente dos Estados Unidos.

Segundo a agência palestina "Maan", os manifestantes retiraram o sapato, seguindo um costume da região, e cantaram palavras de ordem contra Obama, como "deixe de apoiar os crimes de guerra israelenses" e "Estados Unidos, Israel e Grã-Bretanha: o triângulo do terror".

Foguetes caem em Israel

Nesta quinta, segundo dia da visita de Obama a Israel e aos territórios palestinos, caíram no território israelense dois foguetes disparados a partir da Faixa de Gaza.

Um dos foguetes explodiu no pátio de uma casa da cidade de Sderot, provocando danos. O segundo artefato caiu em um campo", afirmou o porta-voz da polícia, Micky Rosenfeld. É o primeiro ataque deste tipo que acontece desde novembro.

Visita histórica

Obama faz tour de três dias por Israel e territórios palestinos em sua primeira viagem para a região como presidente dos EUA, considerada histórica pelo ineditismo. Esta também é a primeira viagem internacional de Obama em sua segunda gestão.

Na tarde de hoje, de volta a Israel, Obama falará diretamente ao público israelense no discurso no Centro de Convenções em Jerusalém. O presidente americano deverá expor a sua visão de solução de dois Estados para o conflito israelense-palestino.

Negociações de paz

No primeiro dia de visita à Israel, nesta quarta, o presidente Barack Obama defendeu o direito de defesa de Israel em reunião com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. Momentos antes, logo após desembarcar em Israel, Obama afirmou que "a paz deve chegar à Terra Santa".

A Casa Branca disse que o presidente Obama não traz um novo plano de paz e nem pretende exercer pressões sobre o governo israelense para que faça "gestos de boa vontade" para com os palestinos. "O objetivo do presidente é ouvir", disseram porta-vozes. (Com agências de notícias)