EUA e Coreia do Sul elevam nível de alerta diante de "ameaça vital" norte-coreana
A Coreia do Sul e Estados Unidos elevaram nesta quarta-feira (10) o nível de alerta ante a "ameaça vital" representada pela Coreia do Norte, que estaria a ponto de executar um ou vários lançamentos de mísseis a qualquer momento, de acordo com a aproximação do aniversário da data de nascimento do fundador do país, 15 de abril.
O arsenal norte-coreano
A quantidade exata de armas nucleares na Coreia do Norte é uma incógnita, uma vez que o país não é signatário de tratados para controle de tecnologias para destruição em massa.
No entanto, estima-se que o arsenal do país inclui alguns foguetes que poderiam atingir não só Seul, mas capitais como Tóquio e até mesmo bases norte-americanas no Pacífico.
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O comando integrado das forças americanas e sul-coreanas alterou de três para dois o nível de alerta - o nível um é sinônimo de guerra, o quatro equivale a tempos de paz - ao alegar uma "ameaça vital", informou uma fonte militar à agência sul-coreana Yonhap.
Um lançamento de míssil pode acontecer a "qualquer momento a partir de agora", afirmou o ministro sul-coreano das Relações Exteriores, Yun Byung-Se, no Parlamento. Ele advertiu Pyongyang que tal ato provocaria novas sanções da ONU.
A inteligência militar sul-coreana afirma que o Norte está disposto a efetuar um disparo que poderia acontecer por volta de 15 de abril, dia do nascimento do fundador da República Democrática Popular da Coreia, Kim Il-Sung, morto em 1994.
Ainda nesta quarta-feira, as autoridades sul-coreanas responsabilizaram a Coreia do Norte por ataques cibernéticos direcionados a milhares de computadores e servidores do país, no mês passado, comprometendo por até cinco dias o trabalho de bancos e grandes emissoras de TV.
O secretário-geral da ONU, o sul-coreano Ban Ki-moon, pediu a redução das tensões, que considera "muito perigosas".
Outras autoridades em Seul disseram que a vigilância sobre as atividades da Coreia do Norte foi reforçada. Transportadores de mísseis foram vistos na província de Hamgyong do Sul, ao longo da costa leste da Coreia do Norte -- um possível local de lançamento.
Japão e Guam ameaçados
Em Washington, o almirante Samuel Locklear, comandante das forças dos Estados Unidos na região do Pacífico, também disse que o Exército dos EUA acredita que a Coreia do Norte deslocou um número não especificado de mísseis Musudan para sua costa leste.
O Musudan pode alcançar alvos a uma distância de 3,5 mil km ou mais, de acordo com a Coreia do Sul, o que colocaria o Japão ao alcance e pode até ameaçar a ilha de Guam, sede de bases militares norte-americanas. A Coreia do Sul pode ser alcançada pelo mísseis Scud de curto alcance.
Como países devem reagir a ataque da Coreia do Norte
Nação | Resposta |
Coreia do Sul | "Um ataque simples com armas convencionais contra forças sul-coreanas levaria a uma resposta militar por parte da Coreia do Sul. Por sua vez, esta ação forçaria o aumento da escalada de agressões que, se não for parada, poderia resultar em uma guerra de grandes proporções com o uso de armas nucleares e químicas", segundo o diretor do programa de não proliferação de armas no Instituto Internacional de Estudos Estratégicos de Londres, Mark Fitzpatrick |
Estados Unidos | Afirmaram na terça-feira (9) que têm capacidade para interceptar um míssil norte-coreano, mas que só vai fazer isso se a trajetória projetada for perigosa. O país não especificou o limite do que seria “perigoso”, mas isso com certeza incluiria um ataque ao seu território: Guam ou o Estado do Alaska, por exemplo |
Japão | Posicionou nesta terça-feira (9) uma bateria de mísseis Patriot no centro de Tóquio para enfrentar qualquer disparo que ameace o país. Outras baterias antimísseis também serão instaladas na ilha de Okinawa, no sul do país |
China | É aliada da Coreia do Norte. O presidente chinês, Xi Jinping, disse no domingo (6) que nenhum país "deve ter permissão para jogar uma região e mesmo o mundo inteiro no caos para ganho próprio", sem citar o aliado |
União Europeia | Planeja enviar na quarta-feira uma nota diplomática à chancelaria norte-coreana dizendo que o país está errado ao proclamar que uma guerra é iminente. Também adotará em breve as sanções da Organização das Nações Unidas aprovadas em março, após o teste nuclear |
Brasil | O país está longe do alcance norte-coreano. O embaixador brasileiro na Coreia do Norte, Roberto Colin, diz que “os únicos cidadãos brasileiros que vivem na Coreia do Norte hoje são a mulher do embaixador da Palestina e sua filha caçula. (...) Não existe um plano de evacuação definido, mas, em situação de emergência, a embaixada seria evacuada para Dandong, China” |
O lançamento pode ainda coincidir com a visita a Seul do secretário de Estado americano, John Kerry, e do comandante da Otan, Anerd Fogh Rasmussen, que chegarão à capital sul-coreana na sexta-feira (12).
A Coreia do Norte ameaçou nesta quarta-feira (10) transformar o Japão em um "campo de batalha", com possíveis ataques a suas principais cidades, entre elas Tóquio, Osaka e Kioto, caso os japoneses produzam movimentos que provoquem o início de um conflito armado.
Diante das ameaças norte-coreanas, o Japão anunciou nesta quarta-feira que se encontra em "estado de alerta" para interceptar qualquer míssil que ameace o arquipélago. Na terça-feira (9), baterias antimísseis foram instaladas no centro de Tóquio e ao redor da capital.
Entenda
O regime de Pyongyang, irritado com as novas sanções aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU depois do teste nuclear de fevereiro e das atuais manobras militares conjuntas dos Estados Unidos e da Coreia do Sul, multiplicou nas últimas semanas as declarações bélicas e as ameaças.
Pyongyang advertiu os países que têm representação diplomática na Coreia do Norte que não poderia garantir a segurança das missões a partir desta quarta-feira. Na terça-feira (9), o governo retirou 53 mil funcionários norte-coreanos que trabalhavam no polo industrial de Kaesong. O acesso ao local está proibido aos sul-coreanos desde 3 de abril.
Segundo uma fonte do governo citada pela agência Yonhap, o Norte poderia lançar vários mísseis, pois foram detectados deslocamentos de veículos lançadores que transportavam Scuds - com um alcance de centenas de quilômetros - e Rodongs, capazes de viajar pouco mais de mil quilômetros.
Nesta quarta, o mais importante posto de fronteira da China com a Coreia do Norte, em Dandong, estava fechado para os turistas, mas permanecia aberto para os negócios, segundo um funcionário da alfândega na cidade.
A Coreia do Sul e seus aliados ocidentais questionam as verdadeiras intenções do jovem dirigente norte-coreano Kim Jong-Un, que ainda não completou 30 anos e sucedeu o pai, Kim Jong-Il, morto em dezembro de 2011.
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