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Ex-vigilante é inocentado de acusações pela morte de jovem negro nos EUA

Do UOL, em São Paulo

13/07/2013 23h55

O ex-vigilante voluntário George Zimmerman, 29, foi declarado neste sábado (13) inocente das acusações de assassinato em segundo grau e homicídio involuntário pela morte, em 2012, na Flórida (EUA), do adolescente negro desarmado Trayvon Martin, em um caso que despertou protestos, chamou a atenção da mídia internacional e provocou um debate nacional sobre raça, armas e a igualdade das pessoas diante da lei e da justiça.

Após 16 horas de deliberações, o júri, composto por seis mulheres, chegou ao veredito unânime de que Zimmerman é inocente pelas acusações e o entregou por escrito à juíza encarregada do caso, Debra Nelson.

O júri deliberou durante dois dias e estudou a fundo as duas acusações contra Zimmerman, para o que pediram à juíza uma lista com as provas numeradas e suas correspondentes descrições que se exibiram neste processo judicial.

Ativistas dizem que morte teve motivação racista

Além disso, durante a longa jornada de deliberação de hoje, solicitaram à juíza do tribunal da cidade de Sanford, no centro da Flórida, esclarecimentos sobre o conceito legal de homicídio involuntário.

Zimmerman, de mãe peruana, enfrentou uma condenação de prisão perpétua, no caso de ser declarado culpado de assassinato em segundo grau, e de até 30 anos de prisão pelo de homicídio involuntário.

Zimmerman, de mãe peruana, enfrentou uma condenação de prisão perpétua, no caso de ser declarado culpado de assassinato em segundo grau, e de até 30 anos de prisão pelo de homicídio involuntário.

Caso comoveu país e polarizou opinião pública

A decisão do júri foi recebida com protesto do lado de fora do Centro Criminal de Justiça de Sanford, na Flórida (EUA), onde aconteceu o julgamento.

Durante as duas semanas de sessões, o júri escutou várias testemunhas, incluindo policiais, legista e vizinhos da cidade onde aconteceu o fato que comoveu os Estados Unidos e polarizou a opinião pública e os meios de comunicação do país.

Nenhuma das testemunhas que compareceu no julgamento de quase cinco semanas viu como o fato começou, que tirou a vida do rapaz negro estudante de bacharelado em um colégio da cidade de Miami Gardens, próxima a Miami.

A Promotoria tinha retratado Zimmerman como alguém que "se achava um policial", que "fez justiça com as próprias mãos", quando viu Martin caminhando na chuva, e presumiu que o rapaz "não era nada bom".

O promotor Bernie de la Rionda descreveu Martin como um "rapaz inocente de 17 anos" a quem Zimmerman "identificou como um criminoso", perseguiu-o, após evitar a recomendação da Polícia, brigou com ele e o matou com um tiro à queima-roupa "porque quis".

No tempo de refutação dado na sexta-feira (14) à Promotoria, o promotor John Guy fez uma emotiva apelação ao bom senso e ao coração do júri e pediu "justiça" para Martin.

Mas sobre as considerações e decisão final do júri pesou mais o relato dos fatos exposto pela defesa de Zimmerman, que tinha defendido a inocência deste com o argumento de que agiu em defesa própria e pedido a absolvição das acusações.

Mark O'Mara, advogado do vigilante de bairro voluntário, lembrou ao júri na exposição dos argumentos de fechamento que uma "dúvida razoável" que Zimmerman só tentou se defender era suficiente para declarar seu cliente inocente das acusações.

Legítima defesa

Na versão de Zimmerman, que se declarou inocente, ele atuou em legítima defesa durante um enfrentamento com Martin - um jovem de 17 anos, à época - em Sanford, na noite de 26 de fevereiro de 2012, quando realizava uma ronda de vigilância voluntária.

Falando sobre sua atuação em defesa própria, Zimmerman se fundamentou em que Martin lhe deu um soco no nariz, o empurrou e, ao cair no chão, o rapaz se sentou sobre ele e começou a bater nele e sacudir sua cabeça contra o chão, por isso que teve que atirar.

O ex-vigilante voluntário manteve sempre que atirou em defesa própria contra Martin, que retornava de noite para a casa da namorada de seu pai e caminhava por Sanford, no centro da Flórida, com o capuz do suéter na cabeça, o que despertou as suspeitas de Zimmerman.

O impasse do júri era determinar se foi um caso de legítima defesa ou assassinato, e convencer a opinião pública qual foi o peso do preconceito racial no crime e na atuação da polícia, que prendeu Zimmerman 44 dias depois do incidente.

Semanas antes do julgamento, a família de Trayvon Martin divulgou um comunicado sobre a expectativa para o do júri.

"Pela lei não há um valor negro ou um valor branco. É um valor norte-americano", dizia a nota.

Os pais do adolescente morto, Tracy Martin e Sybrina Fulton, chegaram a afirmar que acreditavam "firmemente" na condenação.

"Quando estes membros do júri virem as evidências esmagadores nas próximas semanas, vão considerar George Zimmerman culpado de assassinato".

Júri feminino

O júri composto por seis mulheres também foi alvo de polêmica antes mesmo de o julgamento começar.

Stewart D'Alessio, professor de direito criminal na Universidade Internacional da Flórida, chegou a dizer que a composição exclusivamente feminina do júri "beneficiará a promotoria" que acusa Zimmerman, antes de o julgamento começar.

"Os homens não só são mais propensos a possuir armas, mas também é mais provável que sintam que a força letal se justifica em determinadas circunstâncias".

Por outro lado, as mulheres "provavelmente serão mais receptivas ao argumento de que a animosidade racial poderia ter motivado o acusado a disparar e matar a vítima", disse D'Alessio. (Com agências internacionais)