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Vigia que matou jovem negro nos EUA está detido e responderá por homicídio

Do UOL, em São Paulo

11/04/2012 18h54Atualizada em 11/04/2012 21h23

O vigia voluntário George Zimmerman, que atirou no jovem Trayvon Martin, foi detido nesta quarta-feira (11) e responderá por assassinato em segundo grau --quando não há premeditação. A informação, divulgada inicialmente por agências de notícias e redes de TV americanas, foi confirmada pela promotora especial Angela Corey, em entrevista coletiva.

No momento da detenção, Zimmerman se entregou às autoridades. Até o momento, não foi estabelecida fiança para que seja liberado, mas que a defesa poderá fazer uma solicitação neste sentido. A promotora não informou onde o vigia está detido, “por questões de segurança”. Ela apenas confirmou que ele está na Flórida e disse que "será apresentado perante um juiz quando for oportuno".

Ao falar sobre o caso, a promotora destacou que foi feito um trabalho “incansável em busca de respostas” sobre o que aconteceu. "Não tomamos esta decisão superficialmente (...). Não tomamos esta decisão pela pressão pública ou a pedido [de alguém], mas de acordo com a lei e sempre com a intenção de buscar justiça para a vítima", esclareceu a promotora, evitando oferecer muitos detalhes da investigação, que, segundo disse, segue aberta. "Vamos continuar buscando a verdade sobre este caso".

Logo após a entrevista concedida pela promotora, os pais de Trayvon Martin também falaram com a imprensa. A mãe, Sybrina Fulton, disse que "queria simplesmente a prisão". "Não queríamos nada mais, nada menos".

O novo advogado do vigia, Mark O'Mara, disse que seu cliente "parece bastante lúcido", mas está preocupado sobre se terá um julgamento justo. E que alega inocência no caso.

De origem hispânica, o vigilante voluntário de uma comunidade de Sanford, na Flórida, admitiu ter matado o jovem negro de 17 anos, no dia 26 de fevereiro deste ano.

Martin voltava para casa depois de ter comprado doces e usava um capuz quando foi morto por Zimmerman, que realizava rondas em seu bairro. O vigilante de 28 anos disse ter ligado para a política para advertir sobre a presença de um suspeito no local.

Zimmerman permaneceu em liberdade depois do episódio por ter alegado legítima defesa, o que gerou uma onda de protestos contra uma lei votada em 2005 na Flórida, com o apoio do lobby da indústria de armas, que ampara os que usam força letal para defender-se de uma ameaça, inclusive quando houver opção de fugir de forma segura.

Além da investigação da promotora Corey também está em curso uma investigação do Departamento de Justiça - a promotora disse hoje que está em contato com a equipe do departamento. A polícia de Sanford não processou Zimmerman, por conta da lei local.

Nesta terça (10), dois advogados de Zimmerman anunciaram que deixaram o caso porque perderam a comunicação com seu cliente e por ele ter entrado em contato direto com a promotoria, contrariando as recomendações.

Segundo os advogados, o homem deixou de atender aos telefonemas e responder as mensagens de texto. Eles rejeitaram as acusações públicas de que o vigilante atuou movido por preconceitos raciais e ressaltaram a presunção de inocência de Zimmerman.

Em seu depoimento, o vigilante relatou que a comunidade havia registrado um aumento na criminalidade.

Uma gravação divulgada pela polícia local de uma ligação para o serviço de emergência informa a presença de "um cara muito suspeito" que "parece mal intencionado ou drogado". Pouco depois, a voz ao telefone fica ofegante, como se a pessoa estivesse correndo, e o homem diz que está perseguindo o jovem.

Semanas depois, no entanto, especialistas colocaram em dúvida se a voz na gravação era mesmo a de Zimmerman. Um vídeo divulgado no final de março mostrou o vigia em uma delegacia na noite da morte de Martin, sem nenhum ferimento. Ele havia dito que o jovem o havia agredido com violência, e foi obrigado a atirar em legítima defesa.

Para o chefe da polícia de Sanford, Bill Lee, não foram encontradas evidências que contrariassem a argumentação do vigilante, e por isso não foram registradas acusações.

Lei polêmica

A controversa lei em vigor na Flórida, que até o momento garante liberdade a Zimmerman, é conhecida como "atire primeiro". A legislação garante imunidade contra processos civis e penais a pessoas que dizem ter atirado em legítima defesa.

Antes de 2005, quando a legislação foi aprovada, o uso de "força letal" só era permitido se ficasse comprovado que o atirador tinha evitado um confronto ou ameaça concreta.

Já de acordo com a lógica da lei "atire primeiro", pode-se disparar contra uma pessoa usando armas de fogo desde que alguém tenha indícios "razoáveis" indicando uma ameaça contra si mesmo ou outras pessoas.

Grupos que lutam pelos direitos dos negros argumentam que a lei de tem viés racista, já que os afroamericanos seriam um dos principais alvos da legislação.

A Associação de Promotores de Acusação americana acredita que ao menos 33 dos 50 Estados possuam leis parecidas, embora a da Flórida seja a mais "expansiva".

(Com agências internacionais)

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