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Rússia é contra discutir na ONU solução para a Síria, diz chanceler francês

Do UOL, em São Paulo

10/09/2013 12h58

A Rússia se opõe a discutir na ONU a solução que o próprio país propôs para a guerra na Síria. A informação é da agência de notícias "AFP", citando o chanceler da França, Laurent Fabius.

A Rússia "não está entusiasmada" com a ideia de uma resolução vinculante da ONU sobre o controle e o desmantelamento do arsenal químico da Síria proposta pela França, afirmou nesta terça-feira (10) o chanceler francês, Laurent Fabius, após uma conversa com seu homólogo russo, Sergei Lavrov.

"Foi-me dado a entender que os russos, neste momento, não estão necessariamente entusiasmados - e estou utilizando um eufemismo - com a ideia de enquadrar tudo isso em uma resolução vinculante das Nações Unidas", declarou Fabius ante os deputados depois de conversar com seu colega russo.

Na segunda-feira (9), o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, propôs que a Síria submetesse seu arsenal químico ao controle da comunidade internacional. O chanceler sírio, Walid al-Moualem, disse que seu país concordava com a proposta para evitar um possível ataque militar dos EUA.

Segundo al-Moualem, a Síria concordou porque a iniciativa iria "retirar os fundamentos para uma agressão norte-americana", segundo a agência.

Nesta terça-feira (10), segundo agências de notícias, os chefes de Estado dos EUA, Reino Unido e França concordaram em discutir na ONU a proposta russa para a Síria entregar ao controle internacional o arsenal químico do país árabe.

Rússia faz plano com Síria

A Rússia anunciou nesta terça-feira (10) que já está trabalhando em conjunto com a Síria em um em um "plano concreto, claro e eficaz" para deixar sob controle internacional as armas químicas do regime Assad. O chanceler russo afirmou que seu país está preparado para apresentar "em breve" o plano ao Conselho Segurança da ONU e à comunidade internacional.

Lavrov não foi ouvido após as declarações do chanceler da França. 

"Estamos preparando as propostas concretas em forma de um plano, que será apresentado a todas as partes interessadas, incluído, claro, os Estados Unidos", afirmou o chefe da diplomacia russa, que disse manter contato com o secretário de Estado americano, John Kerry.

O ministro russo frisou que a iniciativa de pôr o arsenal químico sírio sob controle internacional "não elimina a necessidade de investigar todas as denúncias de emprego de armas químicas na Síria".

Segundo Lavrov, a proposta de colocar as armas químicas sob controle internacional surgiu "dos contatos que mantivemos com os colegas americanos e da declaração de John Kerry, que apontou a possibilidade de se evitar os ataques (à Síria) se for resolvido este problema (das armas químicas)".

Obama pode suspender ataque

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, declarou na segunda-feira (9) que poderia suspender um possível ataque militar na Síria se o regime de Bashar Assad aceitar a proposta russa para que seu arsenal de armas químicas fique sob controle da comunidade internacional.

O chefe da Casa Branca afirmou que a proposta russa é um passo "positivo" para evitar uma intervenção militar contra Damasco, mas enfatizou que falta ver se a iniciativa é séria e não uma tática para ganhar tempo.

Obama anunciou recentemente que tinha tomado a decisão de lançar um ataque "limitado" contra alvos militares do regime sírio em represália por um suposto ataque com armas químicas contra a população civil, que Washington considera provado.

Oposição síria é contra

A oposição síria chamou de "manobra política" a proposta da Rússia de colocar sob controle internacional o arsenal químico de Damasco para evitar ataques ocidentais, e exigiu mais uma vez uma "resposta" contra o regime de Bashar Assad.

"É parte dos adiamentos inúteis e que só provocarão mais mortes e destruição para o povo sírio", afirma um comunicado da Coalizão da Oposição Síria.

Segundo a Coalizão, "a violação da lei internacional requer uma resposta internacional adequada", o que pode ser interpretado como um pedido indireto ao governo de Obama para que não abandone o projeto de ataque contra o regime sírio.

"Os autores dos crimes de guerra não podem ser desculpados e os crimes contra a humanidade não podem ser apagados com concessões políticas ou entregando o instrumento com o qual os crimes foram cometidos", completa o comunicado da oposição síria a respeito das armas químicas.

China e Irã apoiam Rússia

China e Irã manifestaram apoio à proposta russa nesta terça-feira (10).

"Saudamos e damos nosso apoio à proposta russa", declarou Hong Lei, porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores

"Se a proposta representar alívio da tensão na Síria e seguir no sentido de um solução política da crise síria, mantendo a paz e a estabilidade na Síria e na região, a comunidade internacional deve dar importância", completou

"O Irã recebe favoravelmente a iniciativa da Rússia que pretende impedir qualquer ação militar contra a Síria", afirmou a porta-voz da diplomacia iraniana, Marzieh Afgham. (Com Reuters, AFP e Efe)