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ONU diz que relatório confirmará uso de armas químicas na Síria

Do UOL, em São Paulo

13/09/2013 14h31

O relatório feito por especialistas em armas químicas da Organização das Nações Unidas (ONU) deve confirmar que gás venenoso foi usado em um ataque em 21 de agosto nos subúrbios de Damasco, capital da Síria, que matou centenas de pessoas, disse o secretário-geral da organização, Ban Ki-moon, nesta sexta-feira (13). No entanto, o documento não deve apontar culpados.

"Acredito que o relatório será um relato esmagador, esmagador, de que as armas químicas foram usadas, embora eu não possa dizer isso publicamente antes de receber o relatório", disse Ban em reunião na ONU.

Ele se referia ao relatório de uma equipe de especialistas da ONU, liderada pelo sueco Ake Sellstrom. Ban também disse que o ditador sírio, Bashar Assad, "cometeu vários crimes contra a humanidade", embora não tenha dito se foram as forças de Assad que usaram armas químicas em 21 de agosto.

Os EUA e seus aliados acusam o governo Assad de ter matado mais de 1.400 pessoas, incluindo centenas de crianças, em um ataque com gás venenoso no dia 21 em subúrbios de Damasco. O governo sírio e sua aliada Rússia dizem que o ataque foi cometido por rebeldes.

Washington propôs um ataque punitivo, mas recuou nesta semana para discutir uma proposta russa que colocaria o arsenal químico de Assad sob controle internacional, poupando o país árabe da ação militar norte-americana.

Síria ataca hospitais

Um outra comissão da ONU divulgou nesta sexta que forças do governo sírio atacaram deliberadamente hospitais, atingiram hospitais de campanha com ataques aéreos e impediram feridos e doentes de receber atendimento médico.

Em um relatório especial, os investigadores disseram que as forças do ditador Bashar Assad conduziram uma campanha por meio da utilização "a negação de tratamentos médicos como arma de guerra é uma realidade distinta e chocante da guerra na Síria."

"As provas colhidas pela Comissão levam a uma conclusão alarmante: as forças do governo têm como política negar os tratamentos médicos daquele que estão nas zonas controladas pela oposição", aponta o relatório temático da comissão. 

Para a comissão, a prática cria um "precedente perigoso". Segundo os investigadores, as forças de Assad também atacaram centros médicos na Síria.

"Há também evidências de que alguns grupos antigoverno atacaram hospitais em certas áreas", disse o inquérito independente liderado pelo especialista brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro.

Jornal: Síria espalha arsenal químico

O jornal "Wall Street Journal" publicou que uma unidade de elite que administra o programa sírio de armas químicas começou a espalhar o arsenal por dezenas de lugares do país, potencialmente complicando uma ação militar dos EUA para destruí-lo.

Citando parlamentares e fontes oficiais dos EUA que falaram sob anonimato, o jornal disse em seu site, na quinta-feira (12), que a chamada Unidade 450 das Forças Armadas há meses está deslocando as armas para evitar sua detecção.

Agências de inteligência dos EUA e de Israel e autoridades do Oriente Médio acreditam que ainda sabem a localização da maior parte do arsenal, segundo o "Journal". Mas "sabemos hoje menos do que há seis meses sobre onde estão as armas químicas", disse uma fonte.

Segundo as fontes do Journal, os EUA estimam que a Síria possua mil toneladas de agentes químicos e biológicos, "embora possa haver mais".

Tradicionalmente, esse arsenal era armazenado em alguns poucos lugares no oeste da Síria, mas o governo começou a dispersar o material há cerca de um ano, segundo as fontes.

Os EUA, disseram as fontes, acreditam que o arsenal foi distribuído em até 50 lugares em todas as regiões da Síria.

Os funcionários também disseram ao jornal que os planos dos EUA não preveem bombardeios diretos aos arsenais químicos, pois isso poderia liberar gases venenosos para áreas civis. (Com agências internacionais)