Imposição de corte de cabelos na Coreia do Norte é balela, diz agência
Após o furor causado pela notícia de que o ditador da Coreia do Norte, Kim-Jong Un, obriga estudantes universitários do país a usarem o mesmo corte de cabelos escolhido por ele, a agência de notícias AP indica, nesta quinta-feira (27), que tudo pode não passar de um boato. Turistas em recente visita ao país relataram que não viram indícios de que a imposição seja real.
“Eu estava lá alguns dias atrás e não vi sinal disso”, afirmou Simon Cockerell, que trabalha em uma agência de turismo especializada em levar turistas ao país. “Definitivamente não é verdade”, disse ele.
Um correspondente da AP em Pyongyang também contou não ter visto nada de diferente quanto ao visual dos estudantes recentemente.
Então, como foi que o assunto caiu na boca do povo?
Uma rádio em Washington D.C. (EUA), a Free Asia, associou a ‘fontes anônimas’ a informação de que uma ordem “não escrita” havia sido enviada, no início do mês, a universidades na Coreia do Norte para que rapazes adotassem o mesmo corte de cabelos de Kim-Jong Un, com as laterais da cabeça raspadas.
Daí por diante, o boato ganhou força como fogo se espalhando pelo mato seco...
Essa pode ser mais uma daquelas histórias esquisitas sobre o país que acabam se revelando falsas, embora seja conhecido que existe sim uma “política de moda” por parte do governo.
Choe Cheong-ha, que deixou o país em 2004, confirma que uma organização de jovens dirigida pelo governo checa com frequência se as pessoas estão vestidas “adequadamente”, o que quer dizer: usar broches na lapela da camisa com as imagens dos antigos líderes Kim-Il Sung e Kim Jong II; no caso de vestidos e saias, o comprimento deve ficar abaixo dos joelhos, entre outras regras. São proibidas calças jeans e roupas com palavras em inglês.
Em 2005, o governo ‘declarou guerra’ contra homens de cabelos compridos, chamando-os de antissocialistas bobos e anti-higiênicos, obrigando-os a adotar o “estilo socialista” --com máximo de 5 centímetros para o comprimento. Anúncios na TV estatal chegaram a identificar os violadores da campanha que alertava os “cegos seguidores do estilo de vida burguês”, expondo seus nomes e endereços à zombaria do país inteiro.
Para convencer, a campanha declarava que cabelos compridos atrapalhavam a atividade cerebral ao afastar o oxigênio dos nervos da cabeça --só não explicava por que as mulheres eram autorizadas a usar cabelos longos...
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