Milhares de chilenos voltam para casa após forte terremoto
Milhares de pessoas retiradas de zonas baixas do litoral chileno devido a um terremoto foram autorizadas a regressar para casa nesta quarta-feira (2), após a suspensão de um alerta de tsunami. Mais de 900 mil pessoas haviam deixado suas casas, segundo informações dos Comitês Regionais de Operações de emergência.
O tremor teve seu epicentro no mar, em frente à costa norte do Chile. O alerta de tsunami foi retirado às 6h41.
Ondas de mais de dois metros, no entanto, atingiram algumas partes do litoral, provocando deslizamentos de terra, que bloquearam estradas próximas à cidade de Arica.
Imagens da TV chilena mostraram a população abandonando as regiões costeiras, de forma ordenada, formando longas filas de automóveis. Prédios foram destruídos e milhares de pessoas ficaram sem luz. Em um supermercado, produtos desabaram das prateleiras, e os clientes tiveram de sair às pressas. Incêndios foram registrados em Iquique.
"Estamos indo embora com as criança e com o que podemos, mas está tudo entupido de gente saindo dos prédios na praia", disse Liliana Arriaza, 32, que estava partindo de carro com seus três filhos.
Na manhã desta quarta, a energia começou a ser restabelecida nas zonas afetadas, segundo informações da Oficina Nacional de Emergência de Chile (Onemi). Segundo o diretor nacional da entidade, Ricardo Toro, 50% da luz já voltou em Arica e 30% em Iquique. Os aeroportos do norte do país tiveram suas atividades interrompidas depois do terremoto, mas já estão voltando a operar.
"O governo do Chile tem se empenhado em conscientizar as pessoas que moram no litoral sobre a ameaça de tsunamis e o que fazer caso um se aproxime", disse Steven Godby, especialista em gestão de desastres da Universidade Nottingham Trent, na Inglaterra. "Várias simulações de tsunami ocorreram desde o tsunami que matou mais de 500 chilenos em fevereiro de 2010, e terremotos recentes na região ajudaram a manter a ameaça firmemente na cabeça das pessoas", acrescentou.
A presidente Michelle Bachelet suspendeu suas atividades para percorrer a região do terremoto. Em entrevista coletiva, ela decretou estado de "catástrofe" nas províncias de Arica, Parinacota e Tarapacá, todas no extremo norte do país, próximas da fronteira com o Peru. Com o decreto, os chefes da Marinha e da Aeronáutica do país deverão "assumir o comando da ordem pública e prevenir situações de saques e desordem, além de colaborar com a autoridade da área nos esforços de ajuda que já começaram".
Ela embarcou por volta das 8 horas para a região afetada, acompanhada de ministros e secretários. O sub-secretário do Interior, Mahmud Aleuy, informou, ao chegar a região (ele foi mais cedo) que a situação é normal e não foram registrados saques na cidade de Arica.
Segundo Mitchel Cartes, intendente da região de Tarapacá, onde fica Alto Hospicio e Iquique, 300 das 320 presas do Centro Penitenciário de Iquique fugiram durante o esvaziamento da prisão, que estava em uma zona de inundação. As Forças Armadas e os Carabineiros (polícia militar do Chile) trabalhavam para prender as fugitivas. Autoridades chilenas informaram que pelo menos 110 delas já foram recapturadas.
Empresas de mineração disseram que não foram afetadas pelo terremoto no país, maior produtor mundial de cobre.
As aulas estão suspensas nesta quarta em todo o país.
Epicentro no mar
O terremoto foi registrado às 20h46 (19h46 de Brasília), durou dois minutos e teve seu epicentro no mar, a 20 quilômetros de profundidade e a 85 km ao sudoeste de Cuya, próximo à cidade de Iquique. O sismo pode ser sentido no Peru e na Bolívia, onde prédios chegaram a balançar por alguns segundos.
No Peru, o terremoto abalou as regiões de Tacna, Arequipa e Moquegua, onde faltou luz e as comunicações ficaram prejudicadas, e com menor intensidade a zona de Puno, segundo o Instituto Geofísica. Não há registro de vítimas ou danos materiais significativos.
No Equador, o presidente Rafael Correa disse no Twitter que "todos na costa devem ficar atentos e preparados".
Situado no Cinturão de Fogo do Pacífico, onde ocorrem 80% dos terremotos do mundo, o Chile tem atividades sísmicas frequentes. A região já estava em alerta por uma série de terremotos de intensidade média nas últimas semanas. Em março, uma evacuação já havia sido ordenada depois que um terremoto com 6,4 de magnitude atingiu a mesma região do país, e 100 mil pessoas tiveram que deixar a área.
Em 2010, um terremoto de magnitude 8,8 provocou um tsunami que causou grandes danos em várias cidades costeiras no centro-sul do Chile, matou 524 pessoas e feriu 800 mil. O prejuízo estimado foi de US$ 30 milhões (R$ 68 milhões), na época. Em 1960, uma área no sul do país foi atingida por um terremoto de 9,5 de magnitude, o que causou 1.655 mortes e um tsunami que atingiu o Japão e o Havaí. (Com BBC Brasil e agências internacionais)
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