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Réplica de terremoto atinge o Nepal, que já conta mais de 2.500 mortos

Do UOL, em São Paulo

26/04/2015 01h01Atualizada em 26/04/2015 13h35

Um novo terremoto de magnitude 6,7 atingiu o Nepal na manha deste domingo (26), divulgou o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês), provocando avalanches no Himalaia. O tremor, com epicentro a leste de Katmandu, e mais perto da fronteira com a China que o anterior, foi registrado a 10 km da superfície. A réplica também foi sentida em Nova Déli (Índia).

Pessoas correram desesperadas pelas ruas em direção a espaços abertos. Gritos e o som de uma avalanche puderam ser ouvidos enquanto um montanhista indiano era entrevistado por telefone perto do Everest pela agência de notícias Reuters.

A região do vale do Katmandu, mais povoada do Nepal, ainda se recuperava do tremor de magnitude 7,8 que deixou mais de 2.430 mortos no país e cerca de 4.700 feridos, segundo o governo nepalês. Considerando as vítimas em todos os países atingidos pelo incidente o número supera 2.500. Ao menos 51 pessoas morreram na Índia e outras 22 morreram no monte Everest, que fica na divisa entre o Nepal e a China. Há cerca de 217 desaparecidos no local que é bastante frequentado por montanhistas. 

A destruição e o número de mortes faz deste terremoto o mais mortífero no país em 81 anos. A estimativa é de que o número de vítimas seja ainda maior, devido à devastação na região da capital, Katmandu. O forte tremor destruiu milhares de casas e prédios históricos, e desde a manhã de sábado, quando aconteceu o tremor principal, o país já sofreu pelo menos 35 réplicas de entre 4 e 6,7 graus.

As buscas por sobreviventes entre os escombros continuam pelo país, mas, segundo as agências de notícias, têm sido dificultada pela falta de infraestrutura. Algumas imagens da tragédias mostram, inclusive, civis escavando com as próprias mãos.  

As ruas de Katmandu amanheceram neste domingo cheias de pessoas que passaram a noite em claro enquanto se repetiam as réplicas do forte tremor que abalou o país ontem. "Há relatos de danos generalizados. A devastação não está confinada a algumas áreas do Nepal. Quase todo o país foi atingido", disse Krishna Prasad Dhakal, vice-chefe da missão na embaixada do Nepal, em Nova Déli.

Segundo a ONG Oxfam, que tem fornecido água potável e artigos de primeira necessidades às vítimas, as comunicações, a eletricidade e a água corrente nas regiões atingidas pelo tremor foram cortadas. Os hospitais também estão encontrando dificuldades para atender a todos os feridos. Medicamentos e suprimentos também estão se esgotando.

O ministro da Informação, Minendra Rijal, disse à televisão indiana que "foi lançada um grande plano de ação de resgate e reabilitação e há muito a ser feito". "Nosso país está num momento de crise e precisará de apoio e ajuda imensos", completou ele. 

O governo nepalês pediu à população para se manter alerta perante a possibilidade de que os novos tremores terminem de derrubar edifícios afetados e em situação de fragilidade desde ontem ou aconteçam quedas de postes e muros. 

Estima-se que 4,6 milhões de pessoas na região foram expostas aos tremores, de acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários. Apenas no Nepal, 30 dos 75 distritos - 40% do território nepalês - foram afetados pelo terremoto. Somente a cidade de Katmandu tem população de 1 milhão de pessoas, e o Vale de Katmandu, 2,5 milhões, muitas vivendo em condições de pobreza.

Vários edifícios desabaram no centro da capital nepalesa, incluindo templos seculares. Um importante marco histórico na cidade, a torre de Dharahara, declarada patrimônio da Unesco, ficou quase toda destruída.O centro antigo de Katmandu é formado por um emaranhado de edifícios próximos uns dos outros, ruas estreitas e casas mal construídas, com grandes famílias morando nelas.

Em nota, o Itamaraty declarou que a embaixada do Brasil em Katmandu está "mobilizada para prestar o apoio necessário aos cidadãos brasileiros que se encontram no país" e que "os brasileiros já localizados pela embaixada não sofreram ferimentos e estão recebendo toda a assistência cabível". Não há informação sobre a presença de brasileiros entre as vítimas fatais.

Torre de Dharahara, patrimônio histórico de Katmandu, destruída no terremoto que atingiu o Nepal - Sunil Sharma/Xinhua - Sunil Sharma/Xinhua
Torre de Dharahara, patrimônio histórico de Katmandu, destruída no terremoto
Imagem: Sunil Sharma/Xinhua

Pior abalo sísmico desde 1934

De acordo com o jornal francês “Le Monde”, o abalo sísmico deste sábado é o mais forte registrado no Nepal desde 1934, ano em que um terremoto de magnitude 8 provocou entre 10 mil e 20 mil mortes.

O jornal também afirma que 18 pessoas morreram hoje em decorrência de avalanches no monte Everest, provocadas por tremores relacionados ao terremoto. A região é bastante procurada por alpinistas nesta época do ano.

Autoridades do Nepal informaram que um deslizamento de neve encobriu parte de um acampamento de base. Segundo o Ministério do Turismo, foram confirmados ao menos 18 mortos, “estrangeiros e sherpas [guias]”, cujas identidades ainda não foram divulgadas. Estima-se que cerca de mil pessoas, entre as quais 400 alpinistas estrangeiros, estivessem no entorno do campo base no momento da avalanche.

Um montanhista brasileiro, o cearense Rosier Alexandre, faz parte de uma expedição ao Everest que foi afetada. O acampamento onde ele estava foi destruído pela avalanche, mas Rosier está bem, de acordo com informações de sua mulher, Danúbia Saraiva.

Países vizinhos atingidos

Países vizinhos, como Índia, Paquistão e Bangladesh, também foram afetados. No Paquistão, Mohammad Shahab, morador de Lahore, contou a jornalistas que estava em seu escritório quando o terremoto abalou a cidade, próxima da fronteira com a Índia. Ele disse que os tremores continuaram por um tempo, e que depois a situação se normalizou.

Na Índia, o tremor foi sentido em Nova Déli, Lucknow e Patna. O governo indiano confirmou pelo menos 51 mortos no país. (Com agências internacionais)