Como funciona o telefone que é o canal de diálogo entre Coreia do Norte e do Sul
Na quarta-feira (3), às 15h30 (horário local, 4h30 no horário de Brasília) o telefone tocou em uma sala na zona desmilitarizada que separa a Coreia do Norte e a Coreia do Sul. Foi a primeira ligação do Norte para o Sul desde fevereiro de 2016. E a Coreia do Sul atendeu a ligação.
A conversa teria durado 20 minutos, segundo a rede norte-americana CNN. Segundo o Ministério sul-coreano da Unificação, os dois lados apenas estavam "verificando questões técnicas da linha de comunicação".
Nesta quinta-feira (4), foram feitas novas ligações. Segundo o jornal britânico "The Guardian", a Coreia do Sul ligou para o Norte às 9h (22h de quarta-feira, no horário de Brasília). O telefone tocou mas não houve resposta. A explicação para o silêncio norte-coreano seria o fuso horário. A Coreia do Norte está 30 minutos atrasado em relação ao fuso sul-coreano. Naquele horário, os norte-coreanos ainda não teriam iniciado o dia de trabalho.
Às 9h30, no fuso sul-coreano, o funcionário norte-coreano retornou a ligação. Ele perguntou ao funcionário sul-coreano se havia algo a relatar. "Não", respondeu o sul-coreano, segundo a agência de notícias Yonhap. "Se tivermos algo para falar, entramos em contato", acrescentou.
As ligações da Coreia do Sul são feitas com um aparelho verde marcado "Norte". E o país recebe ligações em um aparelho vermelho. No entanto, as cores podem ser trocadas. Abaixo da tela do computador há uma indicação de "telefone direto Sul-Norte" e dois relógios mostram a hora atual em cada país.
A história do "telefone vermelho", meio de comunicação entre as duas Coreias e que foi restabelecido nesta quarta-feira (3), reflete as décadas de relações caóticas entre o Norte e o Sul, que estão tecnicamente ainda em guerra.
Todas as comunicações entre os dois lados foram cortadas em 1950 no início da guerra que devastou a Coreia e dividiu a península.
Foi preciso esperar até agosto de 1972 para que fosse estabelecida esta linha telefônica vermelha entre o Norte e o Sul para a comunicação entre os dois lados inimigos.
Um telefone e um aparelho de fax foram instalados em Panmunjom, vilarejo na fronteira entre os dois países onde foi assinado o armistício da guerra da Coreia (1950-53) e que, desde então, foi palco de negociações ocasionais entre as partes.
Mas em 1976, o Norte decidiu unilateralmente cortar a linha após o "Incidente do Machado" de 18 de agosto, quando soldados norte-coreanos mataram, a machadadas, dois oficiais americanos que acompanhavam trabalhadores encarregados de derrubarem uma árvore em Panmunjom.
O telefone foi colocado em serviço em 1980, após um acordo em vista de discussões raras entre os primeiros-ministros. Desde então, foi repetidamente cortado e reativado.
Em 2010, o Norte voltou a cortar todas as comunicações quando o Sul adotou sanções comerciais para protestar contra o disparo de um torpedo - por um submarino norte-coreano - contra a corveta sul-coreana Cheonan, que matou 46 pessoas.
A linha foi posta em serviço no ano seguinte, depois cortada em 2013 durante as tensões relacionadas ao terceiro teste nuclear norte-coreano.
Todos os canais oficiais de comunicação foram novamente rompidos em fevereiro de 2016 por Pyongyang depois que Seul decidiu unilateralmente fechar a zona industrial intercoreana de Kaesong, para protestar contra o quarto teste nuclear do Norte.
A guerra de 1950-53, que matou milhões de pessoas, terminou em um armistício, não em um tratado de paz. Por esta razão, os dois vizinhos ainda estão tecnicamente em guerra.
A reabertura nesta quarta-feira do "telefone vermelho" acontece após uma oferta de diálogo Seul, em resposta a um gesto pacífico do líder norte-coreano, que falou de uma possível participação norte-coreana nas Olimpíadas de Inverno que começam no próximo mês na Coreia do Sul.
A Coreia do Norte realizou seu sexto teste nuclear em setembro de 2017 e testou nos últimos meses vários mísseis balísticos intercontinentais (ICBM). (Com a AFP)
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