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Discurso de Trump antecedeu apuração em grandes cidades e votos por correio

O atual presidente dos Estados Unidos Donald Trump, que concorre à reeleição - Reprodução/BandNews
O atual presidente dos Estados Unidos Donald Trump, que concorre à reeleição Imagem: Reprodução/BandNews

Fernando Narazaki e Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo

04/11/2020 15h46

O discurso do presidente norte-americano Donald Trump na madrugada desta quarta-feira (4) foi em um momento estratégico. Ele reclamou dos votos pelo correio, autoproclamou a sua vitória e disse que iria recorrer à Suprema Corte para interromper a apuração.

Naquele momento, com a eleição definida em cerca de 40 estados, o resultado parecia incerto — mas já era previsto que os estados restantes e os votos pelos correios seriam mais favoráveis ao democrata Joe Biden.

Depois da fala de Trump, Biden conseguiu duas viradas e queda na diferença entre os votos na Pensilvânia.

Os Estados Unidos não têm um órgão oficial que divulga, em tempo real, os resultados das urnas, como o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no Brasil. Por isso, as agências de notícias e veículos de comunicação como AFP, AP e Fox fazem extrapolações estatísticas e apontam os vencedores por estado. A AFP chegou a considerar definida a apuração do Arizona — e Joe Biden somava mais 11 votos até a manhã desta quinta-feira (5). A contagem de votos continua no estado.

Levantamento do UOL com dados da CNN norte-americana mostra que, das 4h30, pouco depois que Trump fez seu discurso, para as 15h desta quarta (4), Biden virou no Michigan e no Winsconsin, dois estados-pêndulo ("swing states", em inglês'), onde perdia, respectivamente, por 300 mil e 107 mil votos de diferença. Juntos, os estados somam 26 delegados e podem decidir a eleição.

Em ambos, os votos pelo correio avançaram durante a madrugada, assim como a apuração em suas metrópoles. Agora com 94% dos votos apurados, Detroit, maior cidade do Michigan, dá vitória com 66,6% para o democrata.

Na Pensilvânia, estado tradicionalmente democrata em que Trump venceu em 2016, a diferença também caiu de 671 mil para 464 mil votos de diferença, puxados por Filadélfia e Pittsburgh. Mas ainda é uma diferença relevante. O estado, com 20 delegados, já tem 80% das urnas apuradas.

Trump, por sua vez, diminuiu a diferença no Arizona —estado tradicionalmente republicano em que Biden está ganhando— de 130 mil para 93 mil votos de diferença. Se o resultado se confirmar, será o primeiro democrata a levar estes 11 delegados desde Bill Clinton em 1996.

Trump proclamou vitória na madrugada

Em seu discurso na madrugada desta quarta, Trump seguiu a narrativa que vinha ensaiando nas semanas pré-eleitorais. Ele se autodeclarou vencedor e reclamou dos votos que chegariam pelo correio —majoritariamente democratas, como se tem visto.

Apesar da queixa, o próprio Trump já votou pelo correio em outras eleições.

"Não queremos que encontrem votos às 4 horas da manhã para acrescentar à lista", declarou o presidente. Nesta tarde, ele votou a fazer acusações em seu Twitter. "Como pode que, toda vez que chegam votos pelo correio, eles são tão devastadores?", questionou.

Biden, que em seu discurso da madrugada também já mostrava esperança sobre a chegada destes votos, declarou que as afirmações do presidente são "ultrajantes e sem precedentes".

De acordo com a contagem do jornal The New York Times às 15h desta quarta, Biden vence a eleição com 227 delegados de 19 estados contra 213 delegados de Trump em 22 estados. Ainda faltam oito estados com 98 delegados — cada um está à frente em quatro.