Topo

Esse conteúdo é antigo

Mortes por enchentes na Europa chegam a 170; milhares seguem desaparecidos

Do UOL*, em São Paulo

17/07/2021 11h11Atualizada em 17/07/2021 20h16

O número de mortos devido às enchentes que atingiram diversos países europeus desde a quarta-feira (14) subiu para 170, segundo balanços de autoridades locais divulgados hoje. Os países mais afetados foram Alemanha e Bélgica, que deram início aos trabalhos de limpeza e reconstrução das áreas devastadas.

O número de vítimas deve seguir aumentando conforme as equipes de resgate entram nas áreas mais devastadas e encontram os corpos de pessoas presas em destroços deixados pelas enxurradas, que também causaram danos materiais em Luxemburgo, Holanda e Suíça.

A Alemanha registra até o momento 143 mortes e mais de mil desaparecidos, no que está sendo considerada a pior catástrofe climática do país em cem anos.

Na Bélgica, foram confirmados 27 óbitos e ao menos 103 pessoas estão desaparecidas ou "inacessíveis" — seja porque não conseguiram recarregar seus celulares ou porque estão em um hospital sem documentos de identidade. Mas autoridades reconhecem que não sabem o número exato porque o acesso às áreas mais atingidas é bastante difícil.

Comunidades alemãs em ruínas

Os danos na Alemanha se concentram, principalmente, nos estados ocidentais da Renânia-Palatinado e Renânia do Norte-Vestfália. Nesses locais, comunidades inteiras estão em ruínas devido ao transbordamento de rios que varreram cidades pequenas e vilarejos.

"Foi tão horrível, não conseguimos ajudar ninguém. As pessoas gesticulavam pelas janelas", disse Frank Thel, um morador de Schuld, à agência de notícias Reuters diante de uma pilha de destroços na cidade, onde vários edifícios desmoronaram.

A premiê da Renânia-Palatinado, Malu Dreyer, disse à emissora ZDF que a infraestrutura local foi completamente destruída, e a reconstrução custará muito tempo e dinheiro. "O sofrimento só aumenta", afirmou.

A chanceler Angela Merkel deve viajar amanhã pela região e visitar a cidade de Schuld, qualificada de "mártir" após ter sido quase totalmente devastada.

Apesar de as chuvas estarem caindo de maneira mais leve, mais de 700 pessoas precisaram ser retiradas da cidade de Wassenberg, próxima à fronteira da Alemanha com os Países Baixos, por causa de uma enchente provocada pelo rompimento de uma barreira no rio Ruhr.

Buscas por desaparecidos

Enchente na Alemanha - Tang Ying/Xinhua - Tang Ying/Xinhua
Em Bad Muenstereifel, na Alemanha, moradores recolhem lixo de via atingida por enchente
Imagem: Tang Ying/Xinhua

Nessas regiões do oeste da Alemanha, por onde corre o Reno, as enchentes se deveram principalmente aos pequenos rios, que saíram de seu canal por causa das fortes chuvas e invadiram áreas habitadas, construídas em áreas inadequadas.

É necessário drenar a água, avaliar os edifícios danificados, alguns dos quais terão de ser demolidos, restaurar a eletricidade, gás e telefone, além de abrigar quem perdeu tudo.

Danos nas redes de comunicação, que tornam muitas pessoas inacessíveis, também complicam a tarefa de estabelecer um balanço confiável de pessoas desaparecidas.

1.300 pessoas desaparecidas

No distrito de Ahrweiler, ao sul de Colônia, cerca de 1.300 pessoas estão desaparecidas, informou o governo distrital no Facebook. Redes de telefonia móvel estão inativas em algumas das regiões assoladas por inundações, o que impede familiares e amigos de rastrearem seus entes queridos.

Mais ao norte, em Erftstadt, perto de Colônia, várias casas desabaram na manhã de ontem, e equipes de resgate estão tendo dificuldade para alcançar moradores de barco. Estradas ao redor de Erftstadt estão intransitáveis, já que foram varridas pelas inundações.

Não ficou claro se houve baixas, pois os agentes de resgate tinham de contar com walkie-talkies para repassar informações.

O ministro alemão do Interior, Horst Seehofer, disse à revista "Spiegel" que o governo federal pretende fornecer apoio financeiro às regiões afetadas o mais rápido possível, acrescentando que um pacote de medidas deve ir ao gabinete para receber aprovação na próxima quarta-feira (21).

Autoridades visitam áreas na Bélgica

Enchente na Bélgica - François Walschaerts/AFP - François Walschaerts/AFP
Moradores procuram por pertences entre escombros da enchente em Vaux-sous-Chevremont, na Bélgica
Imagem: François Walschaerts/AFP

Na Bélgica, o premiê Alexandre De Croo e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, visitaram as áreas atingidas pela tragédia, majoritariamente, na província de Liège. Ao todo, 120 cidades foram afetadas em maior ou menor grau, mas os níveis dos rios que cortam a área estão baixando lentamente.

Mas, o centro de crise nacional afirmou que "o balanço das vítimas vai aumentar ainda nas próximas horas e dias" e que "os serviços de emergência estão fazendo uma busca contínua em campo".

Nas últimas horas, as condições meteorológicas no país melhoraram e o sol começou a brilhar, o que diminuiu o nível das águas.

Prejuízos bilionários com catástrofes

Uma pesquisa europeia divulgada hoje pelo Projeto de Pesquisa Titan, realizado pelo programa europeu Espon, mostra que entre os anos de 1995 e 2017, as enchentes, tempestades, secas e terremotos causaram danos de quase 77 bilhões de euros na União Europeia.

Destes, 43,5 bilhões estão diretamente ligados aos desastres naturais e 33,4 bilhões são derivados de danos econômicos em áreas atingidas por calamidades.

(*Com agências internacionais)