Brasileiro morto em bunker só comunicou ida à guerra após chegar à Ucrânia

O paranaense Antônio Hashitani, 25, morto em um bunker bombardeado pelos russos na guerra da Ucrânia, só comunicou a família que seria voluntário de um grupo paramilitar quando já estava na Ucrânia.

O que aconteceu

O alistamento de Hashitani junto às tropas voluntárias ucranianas pegou até a família de surpresa. A advogada Francielle Hashitani Gomes de Oliveira, 32, irmã do voluntário paranaense, disse que ele saiu em abril da Tanzânia, na África, para a Ucrânia, sem avisar os parentes.

A família do paranaense disse que ele morreu após um bombardeio russo em um bunker próximo à cidade de Bakhmut, em uma missão na última quarta-feira (2). As informações teriam sido repassadas por outros voluntários, segundo os parentes de Hashitani.

Os restos mortais dele ainda estariam no local do bombardeio, conforme informações obtidas pela família. Hashitani estava com o grupo para facilitar a comunicação, já que falava inglês fluentemente.

Estudante de Medicina na PUC do Paraná, Hashitani trancou a matrícula na faculdade em dezembro para viajar à Tanzânia. De lá, decidiu viajar direto para a Ucrânia, onde se alistou como voluntário de um grupo paramilitar, segundo parentes dele.

Ele queria levantar recursos para construir uma escola em uma comunidade carente na Tanzânia.

Ele quis ir pela questão humanitária. E também queria arrecadar dinheiro para construir a escola na Tanzânia.
Francielle Hashitani Gomes de Oliveira, irmã da vítima

Em território ucraniano, Hashitani limitou os contatos no Brasil apenas com a mãe. "Ele falou com ela pela última vez dois dias antes de morrer. Disse que estava bem, mas que enfrentava dificuldades devido à guerra", conta a irmã.

O Ministério das Relações Exteriores, por meio da Embaixada em Kiev, informou que foi comunicado do fato pelas autoridades ucranianas. A pasta diz estar em contato com a família do voluntário brasileiro para prestar "a assistência cabível."

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Parentes e amigos lamentaram a morte do estudante de Medicina nas redes sociais. Em nota, a PUC paranaense manifestou solidariedade à família.

O paranaense Antônio Hashitani, de 25 anos
O paranaense Antônio Hashitani, de 25 anos Imagem: Reprodução/Redes Sociais

O que dizem familiares e amigos

O meu irmão já havia se alistado no Exército quando tinha 18 anos. Mas o sonho dele era fazer Medicina. Era uma pessoa com alto astral e amigo para todas as horas. Ele tinha um vínculo forte com a Tanzânia, onde fazia trabalho voluntário. Gostava muito de ajudar as crianças lá.
Francielle Hashitani Gomes de Oliveira, irmã do voluntário morto

Não tivemos todo o tempo do mundo e nem nos veremos mais, meu amigo. Por que você não ficou quietinho e entendeu que sua existência bastava para o bem da humanidade? Eu só posso esperar que você esteja num bom lugar e com a sensação de missão cumprida, como dizia.
Laissa Loraine, amiga do voluntário morto

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