Topo

Não há economia verde que resista ao estímulo ao consumo de hoje em dia, diz Fábio Feldmann

O trânsito no Rio de Janeiro e a isenção do IPI para automóveis é assunto frequente na Rio+20 - Marco Antonio Teixeira/UOL
O trânsito no Rio de Janeiro e a isenção do IPI para automóveis é assunto frequente na Rio+20 Imagem: Marco Antonio Teixeira/UOL

Lilian Ferreira

Do UOL, no Rio

15/06/2012 11h09

Os países buscam soluções a curto prazo e, para a crise econômica, o que tem sido feito é estimular o consumo, o que não é nada sustentável. Esta é a visão do ecologista e ex-secretário do Ambiente do Estado de São Paulo. Fabio Feldmann. “No Brasil, a medida contra a crise foi o corte nos impostos dos automóveis, estimulando as compras. Até 2030, segundo pesquisas, teremos 3 bilhões de pessoas na nova classe média. Assim, não há economia verde que resista”, ressalta.

A crítica ao consumismo e ao desenvolvimento atual, baseado no crescimento econômico e em energias poluentes, foi o tom do seminário sobre economia verde, no Fórum de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável, na PUC-Rio. Este é um evento, que reúne a comunidade acadêmica e cientistas, paralelo à Rio+20, Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até dia 22 de junho.

O capitalismo baseado no consumo leva a acumulação e degradação ambiental. Ele deve ser trocado por outros valores mais humanos, não só econômicos, mas ambientais e sociais”, diz Ivan Turok, diretor executivo do Conselho de Pesquisa em Ciências Humanas da África do Sul.

Para Tim Jackson, professor da Universidade de Surrey, Reino Unido, a questão não é de alterar a natureza humana para nos “adaptarmos” à economia verde, com menos consumo, por exemplo. Segundo ele, o capitalismo já mudou o comportamento das pessoas, mas não a natureza. “Nossas economias não só não estão funcionando, mas ainda estão indo contra quem nós somos. Temos que voltar aos valores da humanidade para fazer nossa vida melhor, mais rica e humana”.

Jackson vai além e coloca em nossas cabeças uma imagem e uma pergunta: “Ver crianças na loja de doces querendo consumir é desrespeitoso com a humanidade e com quem nós somos”.