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Plásticos que sufocam vida marinha estão na mira da agenda do G7

Concentração de plástico e materiais descartados é vista flutuando no Oceano Pacífico - NOAA
Concentração de plástico e materiais descartados é vista flutuando no Oceano Pacífico Imagem: NOAA

Stefan Nicola e Brian Parkin

27/04/2015 16h23

As maiores economias avançadas pretendem exortar o mundo a limpar as sacolas e garrafas de plástico que entopem os oceanos, incentivadas pela chanceler alemã Angela Merkel.

A Alemanha vai colocar a limpeza na agenda do G7 pela primeira vez na reunião do grupo em junho nos Alpes da Baviera, disse a ministra do Meio Ambiente, Barbara Hendricks, em uma entrevista. O objetivo é incentivar os países a reduzir os resíduos provenientes de plásticos e de pequenas esferas usadas em esfoliantes corporais e pastas de dentes, que poluem o oceano e matam a vida marinha.

A iniciativa ecológica está entre as primeiras indicações de temas propostos pela Alemanha para a cúpula econômica mundial. Merkel, que foi Ministra do Meio Ambiente na década de 1990, pretende receber o presidente dos EUA, Barack Obama e os líderes do governo do Japão, do Reino Unido, do Canadá, da França e da Itália no Schloss Elmau, um hotel spa centenário, nos dias 7 e 8 de junho.

"Até agora ninguém levantou essa questão internacionalmente e queremos mudar isso", disse Hendricks em Berlim. "Os resíduos de plástico são um enorme problema para a preservação dos animais selvagens. Eles estão literalmente morrendo de fome com o estômago cheio de plástico".

À deriva até nas regiões polares, o lixo se acumula no mar em grandes redemoinhos de peixes, mamíferos marinhos e pássaros que morrem enredados nessa armadilha. Um vórtice de lixo no Pacífico Norte, quase do tamanho do Texas, carrega cerca de seis quilos de plástico para cada quilo de plâncton natural, de acordo com o Greenpeace.

Economia oceânica

Décadas de poluição significam que "a economia oceânica já está cambaleando", disseram o Worldwide Fund for Nature e o Boston Consulting Group em um relatório publicado na quinta-feira. "Se o oceano fosse um país, ele teria a sétima maior economia do mundo".

Merkel, cujo distrito eleitoral está no Mar Báltico, pretende informar uma conferência de cientistas em Berlim em suas metas na reunião de quarta-feira. Como primeiro passo, a Alemanha vai pedir que seus parceiros do G7 aceitem colocar os resíduos de plástico do mar na agenda das Nações Unidas, disse Hendricks na entrevista da semana passada.

Os resíduos plásticos geram US$ 13 bilhões em danos aos ecossistemas marinhos a cada ano, de acordo com o Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas. A Califórnia e cidades como Chicago, Seattle e Portland proibiram o uso de sacolas plásticas que são utilizadas uma única vez.

A União Europeia quer reduzir o uso de sacolas de plástico de 176 por pessoa em 2010 para 40 unidades em 2025. O Japão pretende prosseguir os trabalhos sobre esse assunto quando presidir a reunião do G7 no ano que vem, disse Hendricks.

Os microplásticos presentes em bens de consumo, alguns tão pequenos quanto a ponta de um lápis, são um perigo específico para animais marinhos como peixes, mexilhões e plânctons que os ingerem e, ou se sufocam, ou transmitem as toxinas aos peixes maiores e, por fim, aos seres humanos.

A proibição do uso de microplásticos em bens de consumo poderia ajudar, disse Hendricks. "A médio prazo, não é impossível", disse ela.