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Expedição volta da zona abissal da Austrália com 'animais mais feios'

O blobfish ("Psychrolutes marcidus") é um peixe encontrado nas profundezas do oceano, perto da Austrália - Reprodução/Youtube
O blobfish ("Psychrolutes marcidus") é um peixe encontrado nas profundezas do oceano, perto da Austrália Imagem: Reprodução/Youtube

Em Sydney

21/02/2018 09h33

Mais de 100 espécies de peixes que raramente podem ser observados foram tirados das profundidades da zona abissal da Austrália durante uma expedição científica - revelaram os pesquisadores nesta quarta-feira (21), que apresentaram alguns "dos animais mais feios do mundo".

Com a ajuda de redes, sonares e câmeras especiais para perscrutar os recônditos do oceano, os cientistas passaram um mês em uma embarcação na costa do leste da Austrália para estudar a fauna que vive a cerca de 4,8 quilômetros de profundidade.

Na viagem, foram capturados cerca de 42.000 peixes e invertebrados, alguns dos quais podem ser novas espécies. O material será analisado por um grupo de cientistas esta semana em Hobart, capital da Tasmânia.

Entre os animais, há vários peixes-gota, um tipo de animal característico por seu aspecto aterrador. Em 2013, um deles, o Psychrolutes microporos, foi votado como "o animal mais feio do mundo" em uma lista promovida por um grupo para preservação do meio ambiente e que se tornou uma sensação global.

Outras estrelas da mostra são um tubarão biolumiscente com dentes afiados como facas, um espantoso peixe-lagarto, ou o gracioso peixe-tripé, que espera no fundo do mar que a comida chegue ao seu alcance.

Para o especialista Martin Gomon, do Museu Victoria, a reunião em Hobart é a primeira tentativa sistemática de examinar a vida na zona abissal da Austrália.

"Para nós, a bordo, houve muita emoção de poder ver esses incríveis peixes que nos entregam essa informação quando emergem nas redes, e estamos esperando com ansiedade a oportunidade de examiná-los mais de perto em Hobart esta semana", disse Gomon.

A vida nessas profundidades enfrenta condições únicas pela falta de luz, pela escassez de alimento e pelas gélidas temperaturas, motivo pelo qual os animais que se adaptam a esse entorno desenvolvem características únicas para sobreviver.

Já que têm pouca comida, são, em geral, pequenos e se movem lentamente. Muitos parecem medusas e passam a vida flutuando, mas outros são predadores com espinhos e presas assustadores.

O encarregado da Coleção Nacional de Peixes da Austrália, Alastair Graham, disse que este é o maior e mais profundo hábitat do planeta, cobrindo um terço do território da Austrália.

"Mas continua sendo o lugar menos explorado da Terra", apontou.