"Relação PT e MDB é caso de divã", diz Boulos ao criticar Haddad e Lula

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

O candidato à Presidência pelo PSOL, Guilherme Boulos, fez críticas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, ambos do PT, na manhã desta quinta-feira (6) durante sabatina realizada por UOL, Folha e SBT. Boulos afirmou que não governaria "com os mesmos de sempre" como o ex-presidente fez e criticou alianças feitas por Haddad com o MDB.

"É lamentável a gente ver, como vi na semana passada, o Fernando Haddad indo lá fazer 'beija mão' para o Eunício [Oliveira], para o Renan [Calheiros] depois de tudo o que aconteceu. Parece que a relação PT e PMDB virou caso de divã, caso de masoquismo", afirmou Boulos.

Os dois senadores do MDB votaram pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016. "Não é possível que, depois de ser golpeado, depois de tudo isso, tope recompor com essa turma e vai lá estar no mesmo palanque", disse o candidato do PSOL.

Boulos foi questionado sobre uma qualidade de Lula que o inspiraria e um erro do ex-presidente que ele não cometeria. Após elogiar a liderança do petista entre os movimentos sociais, o candidato do PSOL afirmou ter "críticas fortes à política que foi aplicada pelo PT nos governos", inclusive do ex-presidente. "Posso citar uma aqui: não ter feito uma reforma política profunda. E ter topado governar com os mesmos de sempre", afirmou.

Relac?a?o de PT e MDB virou caso de diva?, diz Boulos

"Com [José] Sarney, com Renan, com  [Romero] Jucá, com toda essa turma. O Jucá é líder de governo desde Dom Pedro 1º. Entra governo, sai governo, o Jucá é líder de governo. Saiu agora para poder tentar ganhar a eleição. Porque com o [presidente Michel] Temer também não dá. O cara vai querer colar no Temer, perdeu", complementou.

O candidato do PSOL afirmou que "essa forma de governabilidade" foi algo que sempre criticou e não agiria da mesma maneira.

Boulos é filósofo formado pela USP (Universidade de São Paulo), coordenador nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e nunca concorreu a nenhum cargo político.

De acordo com a pesquisa mais recente do Ibope, divulgado nesta quarta-feira (5), Boulos tem 1% das intenções de voto. O deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) lidera o levantamento com 22%. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Oposição ao Temer estará no 2º turno, crê Boulos

Boulos afirmou que, apesar de o cenário do segundo turno estar imprevisível, acredita que um candidato de oposição ao governo Temer estará lá.

"Essa turma do Temer, que representa a mesma agenda e o mesmo projeto, que está destruindo o país, que é rejeitado por 97% dos brasileiros, se levar um candidato para o segundo turno, vai ser muito", disse.

Boulos lembrou os vídeos publicados por Temer criticando o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin. "Ontem, o Temer deixou claro que essas oposições são meio fakes. Como já disse Orestes Quércia: 'em briga de compadres sempre sai verdade'. A gente viu o Michel Temer ontem soltando um vídeo inusitado que comprovou o que eu já tinha dito em debates sobre os 50 tons de Temer, com Geraldo Alckmin como um deles", disse.

Oposição ao governo Temer vai estar no segundo turno, diz Boulos

A relação MDB e PSDB, como a gente viu ontem, virou lavagem de roupa suja em praça pública."

Guilherme Boulos, candidato à Presidência pelo PSOL

"Ali, é a turma do cumpadrio. Como disse meu amigo Tarcísio Motta, candidato ao governo do Rio: 'deve estar tudo no mesmo grupo de zap [Whatsapp]'. Terminou o debate, eles entram no grupinho de zap para comentar. Não estou esse grupo de zap, quero avisar aqui. Estou fora desse grupo de zap dessa turma", afirmou o candidato.

"A oposição ao Temer vai estar no segundo turno, evidentemente espero que com a minha candidatura, mas qualquer candidatura que esteja lá e represente um projeto de enfrentamento ao Temer, deve gerar um procedimento de unidade", complementou.

Debates e sabatinas

Os presidenciáveis serão entrevistados por jornalistas dos três veículos. Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede) foram os primeiros sabatinados. A ordem das entrevistas foi definida por sorteio:

10/9 – Alvaro Dias (Podemos)
11/9 – Geraldo Alckmin (PSDB)
12/9 – Cabo Daciolo (Patriota)
13/9 – Henrique Meirelles (MDB)
14/9 – Jair Bolsonaro (PSL)

Debates

UOL, Folha e SBT também realizarão um debate entre os candidatos no dia 26 de setembro e, em um eventual segundo turno, no dia 17 de outubro.

Dividido em três blocos, o debate terá transmissão ao vivo pela TV aberta e nos sites do UOL e da Folha. Três jornalistas de cada veículo, assim como nas sabatinas, entrevistarão os candidatos.

Foram convidados os candidatos dos partidos com representatividade no Congresso (com ao menos cinco parlamentares), conforme determina a legislação eleitoral.

Veja íntegra da sabatina UOL, Folha e SBT com Guilherme Boulos

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