PT vira a chave para Haddad e pede voto "aconteça o que acontecer"

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

A trilha sonora da tarde desta terça-feira (11) no acampamento de apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Curitiba, dava o tom da virada de chave na campanha eleitoral do PT com o anúncio de Fernando Haddad como o candidato do partido.

"Lula mostrou o caminho da verdade: é Haddad pra fazer aquele Brasil voltar", dizia a letra de um jingle repetido de forma incessante no local e também reproduzido via transmissões feitas ao vivo pelo PT na internet.

O esforço para promover Haddad havia começado já pela manhã, enquanto dirigentes do partido se reuniam em Curitiba para formalizar a troca de candidato. Pouco antes das 11h, o PT divulgou nas redes sociais um vídeo em que Haddad pedia votos "aconteça o que acontecer".

"Lula pediu: vamos continuar juntos, unidos. Aconteça o que acontecer, vamos todos votar no 13", disse o ex-ministro.

No mesmo vídeo, pela primeira vez na campanha, o nome de Haddad apareceu sem a legenda o apresentando como candidato a vice-presidente. Isso se repetiu no horário eleitoral exibido à tarde, quando Haddad foi quem falou exclusivamente pelo partido.

Por volta das 15h, pouco antes do ato em Curitiba para apresentar Haddad como candidato, políticos do PT e movimentos sociais que apoiam Lula deram início a um "tuitaço", com uma enxurrada de postagens no Twitter ligando o ex-presidente a Haddad, muitas vezes usando a hashtag #HaddadÉLula.

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra), por exemplo, fez 52 publicações no Twitter com a hashtag em dez minutos, várias delas lembrando a atuação de Haddad como ministro da Educação de Lula.

A avalanche de mensagens colocou #HaddadÉLula no topo da lista de Assuntos do Momento do Twitter no Brasil por volta das 15h40 de hoje.

Haddad aparece com 9% no Datafolha

O nome de Haddad como substituto de Lula foi aprovado pouco antes das 14h pela Executiva Nacional do PT, em medida que apenas formalizou uma decisão já tomada por Lula, e anunciado à militância no final da tarde. A troca ainda precisa ser oficializada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Mesmo ungido por Lula, Haddad nunca foi unanimidade entre lideranças do PT e continua desconhecido de boa parte do eleitorado. Com a confirmação do ex-prefeito como candidato, serão postos à prova o poder de Lula como fator de união do PT e como cabo eleitoral.

Em pesquisa Datafolha divulgada ontem, Haddad teve 9% das intenções de voto, atrás de Jair Bolsonaro (PSL) e empatado tecnicamente com Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB). No Datafolha de 22 de agosto, último em que seu nome apareceu, Lula tinha 39% e liderava com folga.

Mesmo com a aprovação de Haddad como substituto, os advogados de Lula na esfera eleitoral dizem que ainda aguardam uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre um recurso que questiona o veto à candidatura do ex-presidente.

O Supremo não tem prazo para julgar o recurso, mas o PT precisa registrar Haddad como novo candidato ainda hoje.

"Com o respeito devido à Corte, não se pode admitir que as portas do processo eleitoral sejam fechadas a Lula sem que o STF fale", afirmam os advogados Luiz Fernando Casagrande Pereira, Maria Cláudia Bucchianeri e Fernando Neisser em nota.

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