Bolsonaro diz que Haddad busca voto da direita e quer posse de arma de fogo

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio*

  • JOSE LUCENA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

    Jair Bolsonaro usa chapéu de cangaceiro durante encontro do PSL em hotel

    Jair Bolsonaro usa chapéu de cangaceiro durante encontro do PSL em hotel

O candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) afirmou nesta quinta-feira (11) que o adversário no segundo turno, o petista Fernando Haddad, "age como um camaleão" ao supostamente buscar votos no campo ideológico oposto, o da direita, onde o pesselista predomina. "Eu fico com vergonha porque ele está cumprindo à risca o que o Lula manda ele fazer", declarou.

Bolsonaro exemplificou o raciocínio citando a troca de cores na campanha petista, do tradicional vermelho (que remete à bandeira do partido) para as cores da bandeira brasileira, verde e amarelo. Disse ainda que o adversário "agora quer posse de arma de fogo", além de falar em valores como "família" e "Deus".

Segundo o Painel, da Folha de S.Paulo, aliados recomendaram a Haddad que defenda mais armas de fogo, "mas nas mãos certas".

"Haddad não é de esquerda, Haddad é da direita", ironizou o presidenciável, com uma voz infantil.

Leia mais:

Em transmissão ao vivo em sua página no Facebook, por volta das 20h, Bolsonaro chamou o adversário de "autêntico camaleão" e reafirmou a crítica. "O nosso querido aí Fernando Haddad. Ele já mudou as cores do seu partido. Não tem mais vermelho, agora é verde e amarelo. Ou seja, um autêntico camaleão. Passou a defender a família, coisa que ele atacava lá atrás, quando era ministro da Educação."

Daqui a pouco ele [Haddad] vai dizer que é Bolsonaro 17
Jair Bolsonaro (PSL)

Bolsonaro deu entrevista nesta quinta após um encontro com deputados eleitos pelo PSL e parlamentares que manifestaram apoio à sua candidatura, em um hotel na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Foi a primeira coletiva de imprensa do candidato durante o processo de recuperação da facada sofrida em 6 de setembro, em Juiz de Fora. Antes disso, ele havia conversado com jornalistas no último domingo (7), após votar em uma zona eleitoral da zona oeste carioca.

Ao fim da coletiva, Bolsonaro vestiu um chapéu de cangaceiro e deu uma dica do tom da campanha no segundo turno, que focará no eleitor nordestino --única região do Brasil na qual ele foi menos votado do que Haddad.

Mais cedo, Haddad seguiu a mesma linha e também acusou Bolsonaro de "trocar de lado".

O candidato do PT afirmou que seu adversário no segundo turno agora quer dar um "cavalo de pau" e dizer que defende a população pobre do país.

"Tudo o que ele faz é votar contra o trabalhador. Votou contra a pessoa com deficiência, votou contra o trabalhador na reforma trabalhista, votou contra o cidadão no teto de gastos. Sempre vota contra o trabalhador. Nunca aprovou nada relevante em 28 anos de mandato. Agora quer dar um cavalo de pau e dizer que defende os pobres?", declarou.

A declaração foi dada após visita do petista à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) na sede da entidade em Brasília. Haddad se encontrou com o secretário-geral da entidade, Dom Leonardo Steiner, acompanhado de um de seus coordenadores de campanha, Gilberto Carvalho, e do governador do Piauí reeleito no primeiro turno, Wellington Dias (PT).

Vaias a repórter

Eleitores de Bolsonaro que se juntaram aos jornalistas durante a coletiva vaiaram uma repórter da Folha de S.Paulo no momento em que ela foi anunciada para que fizesse perguntas ao candidato. O ato foi repudiado pelo presidente em exercício do partido, Gustavo Bebianno, mas alguns apoiadores ironizaram: "Uma vaia não faz mal", disse um deles.

Questionado sobre as dezenas de atos de violência que têm ocorrido pelo país, o candidato respondeu com uma provocação e afirmou que o jornal deveria publicar "com letras garrafais" que Walderice Santos da Conceição, 49, "estava de férias até o meio de janeiro" e, portanto, não seria uma funcionária fantasma de seu gabinete. Reportagem publicada pela Folha no começo do ano mostrou que Wal trabalhava um comércio de açaí na mesma rua onde fica a casa de veraneio do deputado, em Angra dos Reis (RJ).

"Vocês humilharam uma senhora filha de negros e de local pobre", criticou.

Em seguida, Bolsonaro lamentou o episódio ocorrido na Bahia, na última segunda (8), quando um capoeirista foi assassinado por ter se declarado eleitor do PT. O agressor, segundo a polícia local, teria cometido o crime por divergência política. Bolsonaro argumentou que, em vídeo publicado nas redes sociais, o suspeito nega o fato.

"Mas não interessa qual o problema. Não podemos admitir esse tipo de crime, crime nenhum", afirmou ele, ratificando o que já havia dito ontem, por meio de suas redes sociais. "Dispensamos esse tipo de voto de quem quer que seja. Afinal de contas, quem levou a facada fui eu."

'Eu não sou de extrema-direita'

Bolsonaro foi questionado por jornalista estrangeiro sobre as declarações de Marine Le Pen, líder da extrema-direita na França, que afirmou que o brasileiro diz "coisas desagradáveis". O pesselista respondeu que não se considera da extrema-direita. "Aponte um ato meu da extrema-direita", desafiou.

O presidenciável se disse um admirador do americano Donald Trump e declarou que, assim como o presidente americano, quer "um Brasil grande". Na visão de Bolsonaro, declarações de cunho polêmico são "potencializadas" contra políticos alinhados à direita no mundo. "Assim como fazem com o Trump, fazem comigo e contra ela", disse, em referência a Le Pen.

Bolsonaro negou que, durante a campanha no primeiro turno, tenha contratado os serviços do marqueteiro de Trump, Steve Bannon. "Não temos recursos. Com oito segundos [de horário eleitoral], para que marqueteiro? Esse é um fake news padrão."

Prováveis ministros anunciados

Durante o evento, Paulo Marinho (primeiro suplente de Flávio Bolsonaro, eleito senador pelo Rio de Janeiro) afirmou que três nomes já estão confirmados como ministros caso Bolsonaro seja eleito. Seriam eles Paulo Guedes, para a Economia (Fazenda e Planejamento), o general Augusto Heleno (PRP) para a Defesa, e o do deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) para a Casa Civil.

Na entrevista à imprensa, o candidato a presidente mencionou que "três nomes estão certos", mas não apontou quais são. Ele adiantou também que o empresário Nabhan Garcia, da UDR (União Democrática Ruralista), não será ministro da Agricultura. "O futuro ministro da Agricultura e Meio Ambiente vai ser indicado pelo setor produtivo", comentou. "Não teremos mais briga nesta área." (*Colaborou Luciana Amaral, de Brasília)

Receba notícias do UOL. É grátis!

UOL Newsletter

Para começar e terminar o dia bem informado.

Quero Receber

Veja também

UOL Cursos Online

Todos os cursos