"Se der sol, pegar uma prainha", diz aliado sobre dia seguinte de Bolsonaro

Hanrrikson de Andrade, Gustavo Maia e Rodrigo Mattos

Do UOL, no Rio

Eleito presidente da República neste domingo (28), Jair Bolsonaro (PSL) dedicará a segunda-feira (29) a descansar em casa, na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro, e a participar de conversas com apoiadores e articuladores de campanha, segundo informou o presidente em exercício do PSL, Gustavo Bebianno. O dirigente partidário disse ainda que, "se der sol", Bolsonaro poderia "pegar uma prainha" --o político mora de frente para a praia da Barra da Tijuca.

No primeiro turno da eleição, em 7 de outubro, o então favorito Bolsonaro havia feito um comentário semelhante após votar na zona eleitoral da Escola Municipal Rosa da Fonseca, na Vila Militar, em Deodoro, na zona oeste carioca. "Dia 28 vamos para a praia", declarou ele. Na ocasião, o candidato apostava em uma vitória já no primeiro turno.

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Depois de acompanhar a apuração dos votos ao lado de Bolsonaro e seus familiares, Bebianno deixou a casa do presidente eleito e se dirigiu a um hotel situado nas imediações. Segundo o presidente em exercício do PSL, "o dia seguinte [de Bolsonaro] será de recomposição, refazimento e conversa" entre os correligionários. "Para que possamos dar início na próxima semana ao processo de transição", completou.

Na versão de Bebianno, Bolsonaro delegou ao deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), já anunciado ministro da Casa Civil, a coordenação do processo de transição junto ao governo de Michel Temer (MDB). Onyx já participou, inclusive, de uma reunião com o atual chefe da pasta, Eliseu Padilha, durante a última semana. O dirigente do PSL não quis adiantar detalhes quanto às prioridades da transição.

Bebianno confidenciou ainda que esperava uma vantagem mais apertada em relação ao adversário no segundo turno, Fernando Haddad (PT). Para ele, os números mostram que a vitória de Bolsonaro foi "incontestável". Bolsonaro venceu com 55% dos votos.

"A margem foi maior, na realidade. Não depositamos 100% de confiança nos institutos de pesquisa, mas de toda forma foi uma margem considerável e incontestável. Isso nos deixa muito satisfeitos."

Bebianno contou que Bolsonaro ainda não havia, ao menos até 22h, recebido um telefonema de Haddad a fim de reconhecer a derrota. "O Haddad é petista, né? Não costuma ligar para quem ganha", ironizou ele, dando a entender que o partido oponente seria um mau perdedor.

Os únicos que teriam ligado para o capitão reformado do Exército, conforme versão do presidente em exercício do PSL, foram Temer e o presidente americano, Donald Trump.

"Só uma mensagem de cortesia e de parabéns. Ficamos muito satisfeitos com a deferência. Isso mostra que o país entra agora em uma nova era, um novo patamar e um novo momento", comentou Bebianno sobre o telefonema de Trump.

Voto impresso e reforma do sistema eleitoral

Bebianno disse que uma das prioridades do governo de Jair Bolsonaro será a aprovação de um projeto de lei que mudaria regras do sistema eleitoral no país, adotando a validação do voto por meio impresso.

"O problema das urnas é que elas não são auditáveis e não são passíveis de uma recontagem. O resultado não é passível de uma recontagem e esse é o grande problema. A impressão do voto permitiria que houvesse uma transparência maior. Achamos que o pilar da democracia é o voto e, em qualquer lugar do mundo, o processo é aferível e passível de recontagem", comentou.

"Obviamente, isso dependerá de um novo projeto de lei, que vai ser estudado ainda. É preciso que o Brasil tenha certeza que a totalização dos votos corresponda à realidade."

Em 13 de outubro, Bolsonaro já havia afirmado que, se eleito, pretendia propor ao Congresso uma reforma na urna eletrônica. A ideia seria aproveitar os equipamentos que a Justiça eleitoral já dispõe e aplicar uma tecnologia que permita a comprovação do voto por meio impresso. O objetivo seria garantir a oportunidade de realizar uma auditoria do pleito.

"Você vai mudar a forma... Nós podemos mudar tudo, até a Constituição, né? Não vai ser a urna eletrônica que não vai ser mudada. O Supremo decidiu que o voto impresso não cabe. Tudo bem. Agora uma nova urna eletrônica mesmo, mas com poderes de ser auferida, isso nós vamos propor, sim", declarou ele na ocasião.

Em junho, o Supremo Tribunal Federal suspendeu a adoção do voto impresso nas eleições.

PT ficará isolado à esquerda, diz Bebianno

O presidente em exercício do PSL disse acreditar que o PT, que mesmo derrotado no pleito presidencial conseguiu eleger 56 deputados federais e tem a maior bancada na Câmara, ficará "isolado à esquerda, como sempre". O partido do novo presidente da República conseguiu eleger 52 parlamentares, sendo a segunda maior bancada.

A articulação política liderada por Onyx Lorenzoni junto a outras legendas e a bancadas de nicho, como as compostas por evangélicos e ruralistas, aproximou durante a eleição um numeroso grupo de parlamentares à candidatura de Bolsonaro. Com isso, é possível que o novo presidente tenha maioria no Congresso.

"Nós seremos a maioria no Congresso. Será um governo de centro-direita. E o PT vai ficar isolado à esquerda como sempre. As suas pautas são sempre negativas, contrárias aos interesses do país. O amor do PT é pelo partido, e não pelo Brasil."

Bebianno também confirmou que Bolsonaro anunciará ainda esta semana a relação completa de ministros. O novo chefe do Executivo nacional disse durante toda a campanha que pretendia trabalhar com, no máximo, 15 ministérios.

Na avaliação de Bebianno, o momento da vitória foi de "muita alegria", mas Bolsonaro comemorou "de forma muito contida, muito equilibrada". "Ciente do papel que ele tem agora, que é o grande peso, a grande responsabilidade de corresponder às expectativas do Brasil, não só daqueles que votaram nele, mas de todos os brasileiros", declarou.

Bebianno estimou em pelo menos 300 o número de parlamentares que já integram a base do governo Bolsonaro. Já a quantidade de deputados federais que devem migrar de partidos que não venceram a cláusula de barreira para o PSL deve ser de 13 a 18, totalizando 65 ou 70 --o partido elegeu 52.

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