"Sou limpo, meu patrimônio é limpo", diz Demóstenes em plenário vazio
Diante de um plenário vazio, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) afirmou no fim da manhã desta sexta-feira (6), em seu segundo discurso do dia, que o patrimônio dele não sofreu nenhuma alteração com a amizade com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso no fim de fevereiro acusado de chefiar um esquema de corrupção que pode envolver políticos, policiais e empresários.
Para o senador, todas as informações que circularam sobre o dinheiro recebido e oferecido por Cachoeira podem ter criado nos eleitores brasileiros a impressão de que ele enriqueceu com o suposto envolvimento na “engenhosa teia” de atuação do contraventor.
“Afinal, um cidadão numa teia tão engenhosa deve estar muito rico, mas não é o que ocorre, exatamente porque vivo de salário. Não tenho chácara, não tenho fazenda, não tenho gado, não tenho ações de empresas, não tenho quase patrimônio nenhum. Meus bens são os que estão na declaração de Imposto de Renda”, afirmou.
Segundo Demóstenes, “a conclusão a que as autoridades chegaram nem demandaria 250 mil horas de gravação telefônicas". "Bastaria perguntar. Sou limpo, meu patrimônio é limpo e quem quis me sujar não reuniu elementos nem colocando quatro delegados e 10 agentes para me bisbilhotar durante quatro anos, 24 horas por dia”, completou.
O político disse que seu patrimônio foi construído pelos anos de trabalho como professor da rede pública municipal de Goiânia, advogado, promotor, procurador de Justiça, secretário de segurança do governo de Goiás e por dois mandatos como senador e sócio minoritário de uma faculdade, que segundo ele, “não deu lucro” e que pagou “em 25 cheques, descontados mensalmente, tudo do banco, tudo declarado”.
Mais cedo, Demóstenes foi à tribuna para dar detalhes das supostas fraudes encontradas pelo perito Joel Ribeiro Fernandes, que ele mesmo contratou para analisar trechos das gravações feitas pela Polícia Federal, às quais teve acesso.
O senador pediu que perguntassem aos atuais e aos ex-ministros petistas sobre a atuação dele como intermediador dos interesses da população e de empresários goianos, mas nunca de Cachoeira em especial.
Porém, o parlamentar não comentou que chegou a ir à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), interceder em favor da Vitapan Indústria Farmacêutica, empresa goiana que pertencia a Cachoeira.
“Perguntem aos ministros, ao coordenador da bancada goiana, aos prefeitos e governadores que as receberam. Nunca direcionei nada. Nunca lucrei nada com elas além da alegria de ver o progresso dos municípios e do meu Estado”, disse ao se referir ao relatório do Conselho de Ética do senador Humberto Costa (PT-PE), que ele teria atuado como “facilitador” de contraventor no Congresso e ter usado o mandato para beneficiá-lo.
O parlamentar voltou a dizer que passa por uma depressão depois de tudo que envolveu o seu nome e “jamais” fez algo que envergonhasse o povo do Estado dele. “Sou criticado porque conversei centenas de vezes na Operação Monte Carlo, mas em qual desses diálogos apareceu este senador desviando dinheiro ou cometendo qualquer afronta aos cofres públicos ou privados?”, questionou.
De acordo com sua assessoria imprensa, este segundo discurso do dia foi feito para compensar a quarta-feira (4), quando Demóstenes não conseguiu discursar porque a sessão se encerrou tarde pela quantidade de assuntos a serem votados em pauta. Ele saiu sem falar com ninguém e, apenas, no fim de sua fala, outro parlamentar chegou ao plenário - o senador Gim Argello (PTB-DF), que também não fez nenhum comentário sobre as palavras do senador goiano.
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