Corpo de Ruy Mesquita, diretor do "Estadão", é enterrado no Cemitério da Consolação
O corpo do jornalista Ruy Mesquita, diretor do jornal “O Estado de S. Paulo”, foi enterrado por volta de 15h25 desta quarta-feira (22) no Cemitério da Consolação, região central da capital paulista. Ele morreu na terça-feira (21), às 20h40, em São Paulo. O velório foi realizado na casa da família na rua Angatuba, no Pacaembu, zona oeste da capital.
Após uma missa na residência de Ruy, um cortejo de cerca de 20 carros deixou o local às 14h50 e acompanhou o traslado do corpo até o cemitério. Autoridades, políticos, jornalistas, empresários e amigos da família compareceram à cerimônia. Estiveram presentes o governador Geraldo Alckmin, o prefeito Fernando Haddad, além do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Mesquita estava internado no hospital Sírio-Libanês desde 25 de abril, após ser diagnosticado um câncer na base da língua, segundo informações do jornal.
O jornalista foi o responsável pela seção de opinião do "Estadão" desde a morte do irmão Julio de Mesquita Neto, em 1996. De acordo com o jornal, Mesquita manteve sua rotina de trabalho até a véspera da internação, se reunindo com os editorialistas para definir as “Notas & Informações” da página 3 do jornal.
O "Estadão" afirma ainda que Ruy mantinha hábitos reclusos, dividindo o tempo entre o jornal e a casa, onde se dedicava a leituras.
O jornalista deixa a mulher Laura Maria Sampaio Lara Mesquita, os filhos Ruy, Fernão, Rodrigo e João, 12 netos e um bisneto.
Em nota oficial, a presidente Dilma Rousseff (PT) afirmou que "Ruy Mesquita foi um homem de convicções". "Diretor do jornal 'O Estado de S. Paulo', criador do inovador Jornal da Tarde, Doutor Ruy – como era conhecido – foi símbolo de uma geração da imprensa brasileira. Neste momento de dor, presto a minha solidariedade à família e amigos", afirmou a presidente, no texto.
O presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), também divulgou nota na noite desta terça para lamentar a morte de Ruy Mesquita.
"Lamentamos profundamente a morte do Dr. Ruy. Ele nos deixa como legado a luta em defesa da liberdade de expressão e da democracia, valores que o 'Estado de S. Paulo' ajudou a construir no nosso país. O Brasil vai sentir sua falta. Perdemos um grande brasileiro."
Biografia
Nascido em São Paulo em 16 de abril de 1925, Ruy era neto de Julio de Mesquita, um dos primeiros jornalistas do Estadão, que posteriormente virou proprietário do jornal. O pai de Ruy, Julio de Mesquita Filho, ocupou a posição do pai após a morte dele.
Ruy Mesquita iniciou o jornalismo como repórter em 1948. Desde então ele ocupou os cargos de redator, editor de Internacional e diretor do Jornal da Tarde, que foi fundado 1966 e extinto no ano passado. Em 1996, após a morte do irmão Julio de Mesquita Neto, Ruy assumiu a direção da publicação.
Segundo o Estadão, Ruy "reuniu-se com militares antes do golpe de 1964, que apoiou, em nome da defesa da democracia, mas, assim como seu pai e seu irmão, também passou a criticar a ditadura, uma vez instalada".
Durante a ditadura militar (1964 a 1985) o Estado foi alvo de censura prévia. Para desafiar o regime, Ruy, junto com o pai e o irmão, decidiu que o periódico deveria publicar poesias, como “Os Lusíadas”, de Camões, e receitas de bolos e doces no espaço dos textos censurados.
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