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Depois de um ano e meio, Senado volta a ter sessão deliberativa em uma 6ª, mas só vota requerimentos

Renan Calheiros (PMDB-AL) conversa com senadoras durante sessão no plenário do Senado nesta sexta-feira - Joel Rodrigues/Frame/Estadão Conteúdo
Renan Calheiros (PMDB-AL) conversa com senadoras durante sessão no plenário do Senado nesta sexta-feira Imagem: Joel Rodrigues/Frame/Estadão Conteúdo

Aiuri Rebello

Do UOL, em Brasília

05/07/2013 14h32

O Senado viveu um dia atípico nesta sexta-feira (5): após um ano e meio, a Casa teve uma sessão deliberativa no último dia útil da semana. Nas sessões deliberativas, projetos podem ser debatidos, encaminhados e votados. A última sessão deste tipo em uma sexta-feira havia acontecido em 16 de dezembro de 2011. Normalmente, nas sextas, há apenas sessões não-deliberativas, com discursos de senadores.

O placar eletrônico do plenário marcava a presença de 42 dos 81 senadores da atual legislatura por volta do meio-dia, apesar da reportagem constatar no máximo a presença de até 25 deles ao mesmo tempo no local. "Tivemos um quórum inédito para este dia e encaminhamos diversas matérias, foi uma sessão muito produtiva", afirmou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Na ordem do dia, estava a análise de três PLs (Projetos de Lei), entre ele o do passe livre para estudantes (que não foi apreciado), oito PECs (Projetos de Emenda à Constituição) e dez requerimentos diversos. Na prática, foram aprovados e encaminhados apenas os requerimentos, nenhum deles ligados à "agenda positiva" que tem tomado conta do Congresso Nacional após a onda de manifestações no Brasil. O quórum mínimo para haver votações é de 41 senadores (maioria simples).

Normalmente, as sessões plenárias no Senado acontecem de terça-feira a quinta-feira. Na segunda-feira, os parlamentares costumam chegar a Brasília, e na sexta-feira voltam para seus redutos eleitorais.

Apesar disso, no início da semana o presidente da Casa afirmou que haveria sessões deliberativas de segunda-feira a sexta-feira até o recesso parlamentar, marcado para começar no dia 17.

Nesta sexta-feira, Calheiros foi além e disse que vai cassar o recesso caso a sua "agenda positiva" de votações, em resposta às manifestações que tomaram conta das principais cidades do país recentemente, não seja cumprida até o início do recesso. "O calendário está apertado, mas acho que dá tempo [de votar tudo antes do recesso]. Se não der, iremos avançar no período de recesso e cumprir o que foi prometido".

Na semana passada, o Senado aprovou uma PEC (Projeto de Emenda à Constituição) que transformou a corrupção em crime hediondo e a proposta que destina de 75% dos royalties do petróleo para a educação e os outros 25% para a saúde.

Um dos principais projetos da "agenda positiva de Renan", o passe livre para estudantes, ainda não foi analisado e votado. Questionado sobre a demora da análise e discussão do projeto de sua autoria, Renan explicou que o relator, senador Vital do Rego (PMDB-PB) pediu mais alguns dias para analisar melhor as fontes de renda para custear a iniciativa. "No Brasil, apenas 3,8 milhões de estudantes usam a meia passagem. Logo, são eles que serão beneficiados pelo passe livre. O impacto disso no Orçamento da União é pequeno, não é isso que desequilibrará as contas do país".

Renan condiciona recesso à votação de agenda positiva