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Ausência de Dilma no rádio e na TV marca 1º de Maio e "abastece" opositores

Temos de nos acostumar a ouvir as vozes das ruas, disse Dilma em vídeo - Reprodução
Temos de nos acostumar a ouvir as vozes das ruas, disse Dilma em vídeo Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

01/05/2015 21h16Atualizada em 02/05/2015 09h23

A comemoração do Dia do Trabalho neste ano ficou marcada pela ausência da presidente Dilma Rousseff em cadeia nacional de rádio e TV no pronunciamento sobre a data. Pela primeira vez em seu mandato, ela abriu mão do discurso tradicional, optando por se dirigir aos brasileiros por meio de três vídeos nas redes sociais. A opção pela internet acabou "abastecendo" seus opositores, que aproveitaram para criticar duramente a governante.

O último pronunciamento feito por Dilma em cadeia nacional, em 8 de março, desencadeou um panelaço contra ela em várias cidades do país. Pela internet, internautas haviam combinado um novo panelaço para esta noite de sexta, às 20h30 (horário de Brasília).

O presidente do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Eduardo Cunha, ambos do PMDB, aproveitaram a data para criticar a presidente, direta ou indiretamente. Em vídeo nas redes sociais, Calheiros afirmou que "ajuste que prejudica o trabalhador é desajuste". Em pé de guerra com a presidente Dilma Rousseff, Renan tem buscado protagonismo em várias frentes para descolar a sua imagem do governo.

Cunha recomendou cautela à presidente em seus posicionamentos públicos, que tem criticado o projeto de lei regulamenta a terceirização, permitindo a prática também na atividade-fim da empresa. Para ele, Dilma erra ao assumir o discurso do PT e da CUT (Central Única dos Trabalhadores) sobre o tema.

Outro ataque veio do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG). Ele afirmou que este 1º de maio será lembrado como o "dia da vergonha", em que a presidente Dilma "se acovardou".

"A presidente não teve coragem de dizer aos trabalhadores que eles vão pagar o preço mais duro do ajuste", disse Aécio, logo após chegar ao evento da Força Sindical para comemorar o Dia do Trabalho, na capital paulista. Segundo ele, Dilma se esconde daqueles que vêm sustentando o Brasil. "Os trabalhadores não têm nada a celebrar", disse.

Na tentativa de apaziguar o momento difícil pelo qual passa Dilma, no evento de 1º de Maio da CUT (Central Única dos Trabalhadores), também em São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu aos trabalhadores presentes para que tenham paciência com a governante.

"Quero pedir a vocês que muitas vezes ficam nervosos com a Dilma, irritados, que temos de ter paciência, como temos de ter com a mãe da gente. Ela foi eleita para governar quatro anos. Temos de ver o resultado final desse governo. Não tenho dúvida que daqui a quatro anos estaremos comemorando o êxito do seu mandato."

"Diálogo com a sociedade" via internet

No primeiro pronunciamento de hoje, Dilma citou duas propostas enviadas recentemente ao Congresso como medidas dirigidas aos trabalhadores: a política de valorização do salário mínimo e a correção da tabela do Imposto de Renda.

No segundo, ao comentar o projeto de terceirização que tramita no Congresso, frisou que a regulamentação do trabalho terceirizado “precisa manter a diferenciação entre atividades-fim e meio nos vários setores produtivos”.

No terceiro e último pronunciamento, ela condenou a repressão às manifestações, numa alfinetada ao governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), e pregou o diálogo com a sociedade.

“Temos de nos acostumar a ouvir as vozes das ruas, aos pleitos dos trabalhadores. Temos de reconhecer como legítimas as reivindicações de todos os segmentos sociais de toda a nossa população. Temos de nos acostumar a fazer isso sem violência e sem repressão”, afirmou no vídeo de quase dois minutos, o mais longo dos três voltados à celebração do Dia do Trabalho.

Dilma não citou diretamente a repressão da Polícia Militar do Paraná a manifestantes na última quarta-feira (29), mas enfatizou a necessidade de negociação e criticou o uso da força. “Queremos por meio do diálogo construir consensos, evitando a violência e respeitando o direito de opinião e de manifestação”.