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Delator diz que prisão mudou sua vida e que vai 'escrever nova história'

Do UOL, em São Paulo

15/09/2015 16h40Atualizada em 15/09/2015 17h17

Um dos principais delatores da operação Lava Jato, o empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC, afirmou nesta terça-feira (15) que teve sua vida mudada ao aceitar o acordo para colaborar com a Justiça em troca de redução de sua pena após ser preso em novembro. 

"Aquele homem que entrou na carceragem da Polícia Federal em Curitiba não existe mais. Aquele homem está escrevendo uma nova história", afirmou Pessoa em audiência da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras. "A partir de 14 de novembro [data da prisão em 2014], minha vida nunca mais foi a mesma. Aliás, nunca mais será a mesma", disse.

Afirmando estar 15 quilos mais magro desde que foi preso, Pessoa leu por cerca de 20 minutos um texto no qual ressaltou sua trajetória pessoal como empresário e a história da UTC. "Alguns dirão que essa nova história não apaga a velha história. Sou o primeiro a reconhecer isso", disse.

O empresário afirmou que os episódios narrados em sua colaboração à Justiça mudaram "completamente" sua vida pessoa e profissional. "Episódios que interferiram na vida de todos aqueles que confiaram em mim profissionalmente. Episódios que interferiram na vida das pessoas que eu mais amo: a minha família."

Em mais de um momento, ele afirmou acreditar na honestidade dos funcionários da UTC e sustentou que eles não tinham responsabilidade pelos seus atos no esquema descoberto pela Lava Jato. “As pessoas que lá trabalham são absolutamente honestas e não têm qualquer responsabilidade por meus atos”, disse.

Pessoa declarou ainda que o crescimento da empresa não está relacionado a vínculos na política e, para sustentar essa afirmação, citou ter fechado 169 contratos com a Petrobras na gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), ante 151 contratos durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Apesar disso, o empresário afirmou que aceitou pagar propina por temer represálias em seus negócios com a Petrobras. "Todo empresário sabe: Pagar uma vantagem a alguém pode não render nenhum benefício, recusar-se a fazê-lo ou denunciar quem pediu a vantagem pode trazer consequências danosas. As coisas se complicam quando aqueles que pedem vantagem controlam os postos de comando de seu principal cliente", disse Pessoa.

Após não responder às perguntas dos deputados, Pessoa foi dispensado pela comissão por volta das 17h15.