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Corrupção se combate com "participação popular", defende líder do MST

Guilherme Azevedo

Do UOL, em São Paulo

13/04/2016 06h00

Gilmar Mauro é uma das figuras históricas da luta pela reforma agrária no Brasil. E ele mesmo o resultado dessa luta: nascido no município de Capanema, interior do Paraná, região explosiva, ele foi para uma ocupação de terras do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em 1985. Assentado, virou militante da causa e tempos depois coordenador nacional do movimento.

Na quinta-feira (31 de março), na praça da Sé, região central de São Paulo, durante ato organizado por sindicatos e movimentos sociais para defender o governo Dilma Rousseff (PT) "contra o golpe", Gilmar Mauro conversou com o UOL. Foi pouco antes de ele subir ao palanque montado na Sé e, com voz imponente e límpida, chamar a Rede Globo de "Rede Esgoto" e dizer que o conteúdo veiculado por ela é um "cocozinho".

Para Gilmar Mauro, muitas pessoas que estavam indo às ruas "para defender o golpe" agora se dão conta de que estavam "jogando água num moinho de ideias fascistas, de xenofobia, de preconceito contra pobres e negros". O líder do MST avalia, portanto, que está havendo uma reviravolta no movimento que defende a saída de Dilma e o impeachment.

Mauro acredita que vivemos um momento histórico-chave, que exige, antes de tudo, nos armarmos de inteligência, não de armas. "O que lhes [opositores] sobra de ódio lhes falta em conteúdo", avaliou. "Nós temos que entrar nas redes de família, nas redes sociais para dar um outro conteúdo e dizer: nós defendemos a democracia, nós não queremos a corrupção, mas a corrupção se combate com a participação popular e a construção de fato do poder popular."

Tempo de tempestade

Para o líder do MST, vivemos um "tempo de tempestade", que pede "muita paciência e determinação". Mas o tempo adverso, de acordo com ele, tem sua antítese: "Por incrível que possa parecer, as tempestades produzem contradições produtivas".

A principal seria a de eliminar o que já não presta e mostrar aquilo que tem força e vitalidade: "Nas tempestades, a árvore que está tomada pelo cupim cai, galhos podres caem, mas quem tem raízes não teme tempestades. Quem tem raízes acolhe os ventos".

Daí a conclusão do líder dos sem-terra de que "é hora de tirar as lições desse processo histórico e tentar mudar de fato esse nosso Brasil".