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Sou contra o aborto "de carteirinha", diz cotada para presidir comissão da mulher

Deputada Gorete Pereira (PR-CE)  durante sessão na Câmara - Luis Macedo / Câmara dos Deputados
Deputada Gorete Pereira (PR-CE) durante sessão na Câmara Imagem: Luis Macedo / Câmara dos Deputados

Fabiana Maranhão

Do UOL, em Brasília

28/04/2016 19h33

A deputada cearense Gorete Pereira (PR) é um dos principais nomes cotados para assumir a presidência da polêmica e recém-criada comissão permanente de defesa dos direitos da mulher na Câmara Federal. Integrante da frente católica e da bancada evangélica na Casa, a parlamentar declarou ao UOL ser contra a prática do aborto.

"Nós, como bancada e como religiosidade, somos contra. Eu sou contra total, sou contra de 'carteirinha'", enfatizou.
    
O nome da deputada, segundo ela mesma, ainda "está sendo trabalhado" e só deve ser confirmado à frente da comissão na próxima terça-feira (3). "Mas a possibilidade é grande", afirmou.

Questionada sobre como pretende lidar com o tema do aborto se for confirmada no cargo, ela declarou que o assunto não deixará de ser tratado na comissão. "Qualquer projeto da mulher vai ter que ir para a comissão. Amanhã, se entrar um [projeto sobre aborto], também tem que ser tratado, analisado e votado. Mas nós vamos fazer tudo para ser contra."

Em seu quarto mandato como deputada federal, Gorete Pereira já integrou dois órgãos internos da Câmara voltados às questões femininas: a Secretaria da Mulher e a Procuradoria da Mulher.

"Foi uma conquista grande [a criação da comissão]. Uma comissão permanente tem força de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), tem força de autoridade que a gente não tem hoje. A secretaria ouve o clamor das mulheres, sabe quem são os agressores, mas não pode mandar prender, não pode fazer nada", explicou.

Assim que assumir a presidência, a deputada afirma que sua prioridade será levar para o comitê todos os processos relacionados à mulher que tramitam na Câmara para serem analisados.

Criação polêmica

Criado na quarta-feira (28), durante uma sessão marcada por muito bate-boca e protestos, o comitê será presidido por um membro do PR, partido de Gorete, segundo divisão feita nesta quinta-feira entre os líderes partidários.

Durante a votação do projeto, a bancada feminina questionou o fato de temas de interesse das mulheres, como os direitos reprodutivos, o aborto e a desigualdade salarial, terem sido excluídos do escopo da comissão e alocados em outros comitês.

Um requerimento que pedia a retirada de pauta da proposta chegou a ser aprovado pela maioria dos deputados, mas foi rejeitado pelo presidente da Câmara. Após negociação com as lideranças partidárias, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) colocou em votação novamente a matéria, que acabou sendo aprovada.

"Foi um retrocesso. É uma meia comissão com meio poder", classificou a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) em entrevista ao UOL. "Criar uma comissão dessa forma é melhor que não tivesse criado", criticou.

Cunha insiste em votação e cria comissão da mulher

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