Sou contra o aborto "de carteirinha", diz cotada para presidir comissão da mulher
A deputada cearense Gorete Pereira (PR) é um dos principais nomes cotados para assumir a presidência da polêmica e recém-criada comissão permanente de defesa dos direitos da mulher na Câmara Federal. Integrante da frente católica e da bancada evangélica na Casa, a parlamentar declarou ao UOL ser contra a prática do aborto.
"Nós, como bancada e como religiosidade, somos contra. Eu sou contra total, sou contra de 'carteirinha'", enfatizou.
O nome da deputada, segundo ela mesma, ainda "está sendo trabalhado" e só deve ser confirmado à frente da comissão na próxima terça-feira (3). "Mas a possibilidade é grande", afirmou.
Questionada sobre como pretende lidar com o tema do aborto se for confirmada no cargo, ela declarou que o assunto não deixará de ser tratado na comissão. "Qualquer projeto da mulher vai ter que ir para a comissão. Amanhã, se entrar um [projeto sobre aborto], também tem que ser tratado, analisado e votado. Mas nós vamos fazer tudo para ser contra."
Em seu quarto mandato como deputada federal, Gorete Pereira já integrou dois órgãos internos da Câmara voltados às questões femininas: a Secretaria da Mulher e a Procuradoria da Mulher.
"Foi uma conquista grande [a criação da comissão]. Uma comissão permanente tem força de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), tem força de autoridade que a gente não tem hoje. A secretaria ouve o clamor das mulheres, sabe quem são os agressores, mas não pode mandar prender, não pode fazer nada", explicou.
Assim que assumir a presidência, a deputada afirma que sua prioridade será levar para o comitê todos os processos relacionados à mulher que tramitam na Câmara para serem analisados.
Criação polêmica
Criado na quarta-feira (28), durante uma sessão marcada por muito bate-boca e protestos, o comitê será presidido por um membro do PR, partido de Gorete, segundo divisão feita nesta quinta-feira entre os líderes partidários.
Durante a votação do projeto, a bancada feminina questionou o fato de temas de interesse das mulheres, como os direitos reprodutivos, o aborto e a desigualdade salarial, terem sido excluídos do escopo da comissão e alocados em outros comitês.
Um requerimento que pedia a retirada de pauta da proposta chegou a ser aprovado pela maioria dos deputados, mas foi rejeitado pelo presidente da Câmara. Após negociação com as lideranças partidárias, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) colocou em votação novamente a matéria, que acabou sendo aprovada.
"Foi um retrocesso. É uma meia comissão com meio poder", classificou a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) em entrevista ao UOL. "Criar uma comissão dessa forma é melhor que não tivesse criado", criticou.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.