Janaína diz que testemunha "não sabe nada" sobre processo; Cardozo elogia
Segunda e última testemunha de defesa da presidente afastada, Dilma Rousseff (PT), a depor nesta terça-feira (14) na comissão do impeachment no Senado, o ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, André Nassar, foi pouco questionado pelos senadores que integram o colegiado, mas se viu no centro de um debate entre os advogados de acusação e defesa.
O motivo da discussão foi a justificativa, dada após a primeira pergunta feita a ele, sobre a sua capacidade de falar sobre o objeto da denúncia do impeachment para o qual foi convocado a depor: as chamadas pedaladas fiscais relativas ao Plano Safra. Os atrasos em questão no pagamento do governo federal ao Banco do Brasil ocorreram em 2015. O TCU (Tribunal de Contas da União) entende que a inadimplência configura um tipo proibido de empréstimo do banco ao governo.
"Essa discussão toda dos atrasos se refere ao Plano Safra 2014/2015, basicamente porque é aquela questão em que se mede a subvenção no semestre e no semestre subsequente a que ele é pago. Então o plano que eu gerenciei, o 2015/2016, não se refere a isso". Segundo o ex-secretário, o plano foi iniciado em 1º de julho de 2014 e encerrado em 30 de junho de 2015 foi elaborado pela equipe anterior que estava no ministério.
Nassar, que é engenheiro agrônomo, assumiu a pasta em março do ano passado e foi exonerado no dia 12 do mês passado, após o afastamento de Dilma e a posse do presidente interino, Michel Temer (PMDB).
Em suas respostas, ele repetiu algumas vezes "não ter competência" para falar de assuntos que fugiam a sua responsabilidade na secretaria do Ministério da Fazenda.
Penúltima a perguntar, a advogada Janaína Paschoal, que é uma das denunciantes do processo, afirmou que o depoimento do ex-secretário “é a prova de que a defesa está procrastinando” o processo. “O doutor André não sabe nada em relação aos fatos objeto do presente processo”, declarou.
"Então, se as 40 testemunhas forem, mais ou menos, nessa linha, nós vamos ficar aqui discutindo o que seria bom, qual programa seria bom. Não que a opinião do doutor não seja importante pela experiência dele, mas acredito que o país não tenha esse tempo para se dedicar a essas audiências”, acrescentou a advogada.
O advogado e ex-ministro da Justiça de Dilma, José Eduardo Cardozo, por sua vez, elogiou Nassar “por não tentar adentrar área que não é do seu conhecimento”, e rechaçou as declarações de Janaína. “Imaginar que é uma testemunha procrastinatória, quando a pessoa exerceu as funções de atuação direta no Plano Safra, na maior parte dos meses do ano em que está posta a denúncia, parece um absoluto contrassenso”, declarou.
"É claro que ele vai responder sobre o ano da sua competência; então, ele não vai responder sobre Tesouro; não vai responder sobre outras questões; e não vai responder sobre 2014, 2013, 2012, 2011", afirmou Cardozo.
Pouco questionado
A duração do depoimento de Nassar foi quase duas vezes menor que o da primeira testemunha ouvida nesta terça, o ex-secretário de Política de Investimento e ex-secretário adjunto da Casa Civil Gilson Alceu Bittencourt. Enquanto Nassar falou por aproximadamente uma hora e quarenta minutos –das 15h37 às 17h15 — Bittencourt depôs entre as 11h39 e as 14h52.
Durante a sua participação na comissão, a maioria dos senadores que defendem o impeachment optou por não fazer perguntas ao ex-secretário. Alguns deles não apareceram na segunda parte da sessão.
Aliados de Dilma, por sua vez, questionaram a testemunha sobre a importância do Plano Safra para os produtores rurais. “Essa discussão aqui não pode contaminar um programa tão importante”, respondeu Nassar à senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).
Diante de pergunta de Gleisi Hoffmann (PT-PR), ele afirmou que “se o BB decidisse não emprestar [aos produtores], de fato haveria um prejuízo muito grande para os produtores”. “Teria gerado uma crise de grandes proporções para o setor”, declarou.
Assim como a primeira testemunha, o ex-secretário também disse entender que não havia prazo previsto nas portarias do Ministério da Fazenda para o pagamento do governo ao Banco do Brasil.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.