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'Roubaram o Estado e querem que a gente pague a conta', diz manifestante

Márcia Thamsten, 51, servidora estadual da Vigilância Sanitária, que participa do protesto - Gustavo Maia/UOL
Márcia Thamsten, 51, servidora estadual da Vigilância Sanitária, que participa do protesto Imagem: Gustavo Maia/UOL

Gustavo Maia

Do UOL, no Rio

16/11/2016 14h46

A servidora pública Márcia Thamsten, 51, da Vigilância Sanitária do Rio de Janeiro, participa do protesto na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio) contra o pacote de austeridade que está em discussão no Legislativo estadual.

"Por que eu estou aqui? Estou sem salário. Estamos todos com as contas atrasadas, condomínio, cartão de crédito, escolas dos filhos. E agora o governo quer tirar mais direitos da gente. Fizeram um rombo nos cofres públicos, roubaram o Estado, e querem que a gente pague a conta", afirma ela, sobre os motivos que a levaram a se manifestar contra o governo.

Indignada, nesta quarta-feira (16), ela gritava para os homens do Batalhão de Choque: "Vem aqui jogar bomba em mulher, covardes!".

Os policiais do Batalhão de Choque foram chamados de "covardes" e "paus-mandados do Pezão", além de ouvir gritos de "vergonha". Em outros momentos, os PMs receberam aplausos irônicos de manifestantes. Servidores da área de segurança pública também protestam contra as medidas.

Um policial militar ouvido pela reportagem do UOL, sob a condição de anonimato, disse entender os colegas que atacaram a manifestação da qual ele fazia parte. "Na PM é assim: você tem que cumprir ordens se não vai preso. Não dá para julgar. Se eu estivesse de serviço agora, teria que fazer a mesma coisa".

Houve várias vezes confronto entre os manifestantes e tentativas de derrubar as grades que impedem o acesso ao prédio da Alerj. A PM jogou bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo para reprimir o grupo. Pelo menos, um manifestante ficou ferido e foi socorrido. Não foi informado o estado de saúde da vítima. 

O Choque e a cavalaria também foram chamados para ajudar na segurança. Houve agressões a manifestantes que estavam com máscaras de gás.

Segurança no Rio - Mauro Pimentel/Folhapress - Mauro Pimentel/Folhapress
Policiais militares reforçam a segurança em frente ao prédio da Alerj
Imagem: Mauro Pimentel/Folhapress
Cronograma

Cercada por grades, a Alerj começou hoje a debater as propostas do pacote de ajuste fiscal anunciado pelo governo estadual.

Serão 21 projetos de lei, incluindo cortes de gastos, extinção de programas sociais, aumento de impostos e elevação na contribuição previdenciária dos servidores públicos. No total, o Estado do Rio pretendia ter um impacto positivo de R$ 27,8 bilhões nas contas de 2017 e 2018, mas o pacote já está R$ 11,8 bilhões menor.

Embora nada vá ser votado nesta quarta, sindicatos e associações de servidores públicos estaduais marcaram novo protesto contra o pacote de ajuste, em frente à Alerj.

Nos próximos dias, os deputados discutirão medidas polêmicas. Amanhã, será debatido o projeto que eleva a contribuição previdenciária dos servidores públicos estaduais de 11% para 14% do salário bruto.

No cronograma da Alerj, as medidas serão debatidas em sessões ordinárias e extraordinárias de seis dias, até o próximo dia 30. A ideia do presidente da Alerj, deputado Jorge Picciani (PMDB), é começar a votar a partir de 6 de dezembro.

Participam do protesto servidores de diversas áreas afetadas pelas medidas, como segurança, educação e saúde.

Protesto de servidores começa com confusão

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