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Maduro empregou generais no narcotráfico, diz Heleno ao lado de Bolsonaro

Alex Tajra

Do UOL, em São Paulo

02/05/2019 19h37

Ao lado do presidente Jair Bolsonaro (PSL), o general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, acusou hoje Nicolás Maduro de empregar "muitos de seus generais no narcotráfico".

Segundo Heleno, militares da alta patente foram "aliciados" por Maduro para que o respaldassem no poder em meio a um cenário de pressão interna e externa.

"Esses generais foram aliciados e comprados por cargos que lhes dão um salário muito maior e que são influentes na economia. (...) Além disso, [Maduro] empregou muitos de seus generais no tráfico de drogas, o que é terrível. Então esse dirigente, senhor Maduro, não é fácil tirá-lo do poder, mas as pressões internacionais podem pouco a pouco mostrar para ao pessoal da população civil que ainda não compreendeu a gravidade do problema.", disse Heleno.

Reportagem de hoje do jornal New York Times fala de vínculos entre o regime de Maduro e o narcotráfico - e o líder venezuelano chamou as informações de "propaganda do governo Trump para derrubá-lo".

O ministro afirmou que o governo brasileiro ainda classifica a situação no país vizinho como indefinida. "Não vemos uma derrota de Guaidó", disse. Na última terça-feira, o UOL apurou que militares e diplomatas brasileiros classificaram as movimentações de Guaidó como "precipitadas", já que o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela não tinha o respaldo da maior parte dos militares.

"Precisamos que esses militares se convençam que eles estão destruindo o futuro de seus filhos e de seus netos.", completou Heleno. Após a fala do ministro, Bolsonaro afirmou que há uma "fissura" nas patentes mais baixas do exército venezuelano e que a tendência é "subir nas patentes."

"Faremos de tudo dentro dos nossos limites para resolver essa situação.", afirmou o presidente.

Além do general Augusto Heleno, Bolsonaro também estava acompanhado do empresário catarinense Luciano Hang, notório apoiador do presidente, e falou sobre a crise econômica que assola a Argentina. O país enfrenta índices altos de inflação e, recentemente, o presidente Mauricio Macri anunciou um congelamento de preços de cerca de 60 produtos básicos.

As medidas fazem parte de um pacote estipulado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para a concessão de um empréstimo de US$ 56 bilhões ao governo argentino.

"Se o Macri não está indo bem, paciência até, vai lutar para melhorar, ou alguém da linha dele [sic]. Agora o que não pode é voltar Cristina Kirchner lá que no meu entender os reflexos serão para o povo argentino e para todos nós. Poderemos sim, com a volta da Cristina, nossa querida Argentina se transformar numa Venezuela e não queremos isso", disse Bolsonaro.

Novo imposto

Em entrevista à Folha na última semana, o secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, afirmou que pretende criar a Contribuição Previdenciária (CP), imposto que incidiria sobre todas as transações financeiras. Segundo Cintra, até as contribuições às igrejas poderiam ser taxadas. "A base da CP é universal, todo o mundo vai pagar esse imposto, igreja, a economia informal, até o contrabando", disse o secretário na conversa.

A fala causou mais uma saia justa no governo, e Bolsonaro desautorizou novamente um de seus subordinados. "Já que estamos aqui no meio de evangélicos, quero deixar bem claro que não existe por parte do governo nenhuma hipótese de se criar um novo imposto, como foi divulgado por parte da mídia que estaremos criando imposto para igrejas. Isso não existe", disse o presidente.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que foi publicado, a Argentina atendeu ao pacote econômico estipulado pelo FMI para receber um empréstimo de US$ 56 bihões. A informação foi corrigida.