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Líder do governo no Congresso espera que Rodrigues deixe vice-liderança

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

15/10/2020 10h56Atualizada em 15/10/2020 12h55

O líder do governo no Congresso Nacional, Eduardo Gomes (MDB-TO), afirmou hoje esperar que o senador Chico Rodrigues (DEM-RR) se afaste da vice-liderança do governo no Senado. A Polícia Federal encontrou dinheiro na cueca e nas nádegas de Rodrigues ontem, durante operação em Boa Vista que apura desvios de recursos públicos destinados ao combate à pandemia de covid-19.

"Acredito que ele se afaste da vice-liderança para apresentar a defesa dele. É um movimento natural", disse Gomes.

Não há defesa nenhuma que faça do governo ou qualquer outra coisa que seja mais importante do que ele fazer a dele própria. Temos de torcer para que isso ocorra e acho que vai ocorrer
Eduardo Gomes (MDB-TO), líder do governo no Congresso

Gomes falou, porém, que quem deve conversar com Rodrigues e decidir sobre a situação é o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).

A expectativa é que Chico Rodrigues peça para se afastar do cargo o quanto antes para não prejudicar mais a imagem do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Há quem defenda que Rodrigues peça o afastamento ainda hoje.

"Nada a ver com o governo", diz líder

Gomes defendeu que o caso não tem ligação direta com o governo e ressaltou que a investigação contra o senador tem apoio da CGU (Controladoria-Geral da União).

"Então, é uma ação do governo contra a corrupção. Não tem nada a ver com o governo. O governo está pedindo para apurar. A Polícia Federal foi acionada, a CGU é a autora da ação", falou. "É estruturalmente separado. Acho que isso está muito claro."

Sob reserva, um senador que costuma apoiar o governo disse que a situação é constrangedora não somente a Rodrigues, mas ao governo, ao Senado e ao DEM. Em nota divulgada hoje, o partido disse que determinou ao departamento jurídico da sigla acompanhar "todos os desdobramentos do inquérito". Afirmou ainda que o senador será punido caso algum ilício seja comprovado.

Davi Alcolumbre (DEM-AP), presidente do Senado e do Congresso, ainda não se manifestou sobre o caso até a última atualização desta reportagem.

Senador disse estar tranquilo e ser decente

Em nota divulgada ontem, Rodrigues disse estar "tranquilo" e disse ter um passado "limpo e decente", além de confiar na justiça. Segundo ele, seu lar foi "invadido por apenas ter feito meu trabalho como parlamentar, trazendo recursos para o combate à covid-19 na saúde do estado".

"Nunca me envolvi em escândalos de nenhum porte. Se houve processos contra minha pessoa no passado, foram provados na justiça que sou inocente. Na vida pública é assim, e, ao logo dos meus 30 anos dentro da política, conheci muita gente mal-intencionada com o intuito de macular minha imagem, ainda mais em um período eleitoral conturbado, como está sendo o pleito em nossa capital", afirmou.

"Digo a quem me conhece: fique tranquilo. Confio na justiça e vou provar que não tenho nem tive nada a ver com qualquer ato ilícito. Não sou executivo, portanto, não sou ordenador de despesas e, como legislativo, sigo fazendo minha parte, trazendo recursos para que Roraima se desenvolva. Que a justiça seja feita e que, se houver algum culpado, que seja punido nos rigores da lei", complementou.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.